Enchente em São Lourenço do Sul leva prefeitura a decretar calamidade pública
Produtores rurais apontam para precipitações que chegaram a 300 mm em algumas áreas.
25/08/2025 11:01 por Bruno Vargas

JORGE SCHNEID/DIVULGAÇÃO
A forte chuva registrada no fim de semana provocou o transbordamento do Arroio São Lourenço, alagando ruas e invadindo residências na área urbana de São Lourenço do Sul. Diante da gravidade da situação, a prefeitura decretou estado de calamidade pública neste sábado.
Mais de duas mil casas foram atingidas pela enchente, obrigando diversas famílias a abandonarem seus lares de forma repentina. Muitas buscaram abrigo na casa de parentes ou amigos. Apesar da dimensão do desastre, apenas 17 pessoas estão atualmente acolhidas no abrigo emergencial da Comunidade Nossa Senhora de Fátima. Outras 22 famílias também ficaram temporariamente sem moradia, mas foram recebidas por conhecidos. A prefeitura reconhece que o número real de desalojados é bem maior, embora ainda não haja uma contagem oficial.
A força da água também danificou o equipamento de medição do nível do arroio, impossibilitando o registro exato da altura alcançada pela cheia. O prefeito Zelmute Marten alertou para a gravidade da situação. “A água vem da zona rural, que é mais alta, e leva cerca de oito horas para chegar ao centro. Isso fez com que o arroio transbordasse durante a madrugada”, explicou. Segundo ele, o bairro Lomba é, até o momento, o mais afetado pela enchente. Marten afirmou estar em contato direto com autoridades estaduais e federais e pediu apoio imediato. “Agora, precisamos torcer por um vento favorável que leve a água para a Lagoa dos Patos”, disse.
Desde a madrugada, equipes da Brigada Militar, Corpo de Bombeiros e Defesa Civil atuam no resgate de moradores e no transporte de famílias afetadas. A Defesa Civil Estadual também enviou reforços para auxiliar nos trabalhos. A prefeitura permanece em regime de plantão, com técnicos e voluntários percorrendo os bairros mais atingidos, prestando assistência às famílias e organizando doações de roupas, alimentos e itens de higiene. O decreto de calamidade pública deve ser publicado ainda hoje, o que permitirá o acesso mais rápido a recursos emergenciais e ajuda financeira.
Moradores relataram que a água subiu de forma muito rápida em diversos pontos da cidade. Ruas inteiras ficaram intransitáveis, veículos foram arrastados pela água e, em alguns casos, o resgate precisou ser feito com barcos. A prefeitura também solicitou o apoio da Marinha.
Volume de chuva foi extremo
A bacia do Arroio São Lourenço registrou volumes de chuva excepcionais. De acordo com dados do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), foram acumulados 198 mm de chuva até o início da tarde deste sábado. Relatos de produtores rurais apontam para precipitações que chegaram a 300 mm em algumas áreas. Para efeito de comparação, a média histórica de chuva para o mês de agosto, baseada em dados de Pelotas, é de 117 mm. Ou seja, choveu em pouco mais de um dia o equivalente a quase 50 dias.
Por que choveu tanto?
Dois sistemas meteorológicos foram os responsáveis pelas chuvas intensas no Sul do estado: uma frente quente seguida de uma frente fria. A primeira se formou durante a madrugada e manhã de sexta-feira, provocando volumes elevados no Sul e Leste do Rio Grande do Sul. Já no fim do dia, a chegada de uma massa de ar frio intensificou ainda mais a frente fria, resultando em precipitações ainda mais fortes na região.
Chuva foi prevista
A MetSul Meteorologia já havia emitido alerta no dia 16 de agosto, informando sobre o risco de chuva volumosa e excessiva. A previsão alertava para um período de forte instabilidade climática, o que se confirmou com os eventos dos últimos dias.
MetSul Meteorologia
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