Pai de santo e esposa são indiciados pela Polícia Civil por triplo assassinato em Esteio
Os corpos de Kauany Martins Kosmalski, do filho dela, Miguel, e do amigo dela, Ariel Silva da Rosa, foram encontrados em 22 de julho na beira do Rio dos Sinos
08/08/2025 14:23 por Maira kempf

Delegado regional Cristiano Reschke e delegada Marcela Smolenaars em coletiva de imprensa. Guilherme Milman / Agência RBS
A Polícia Civil concedeu uma entrevista coletiva nesta sexta-feira (8) sobre o término das investigações do triplo homicídio ocorrido em Esteio, na Região Metropolitana. Os corpos de Kauany Martins Kosmalski, 18 anos, do filho da jovem, Miguel, de apenas dois meses, e do amigo dela, Ariel Silva da Rosa, 16 anos, foram encontrados em 22 de julho, na beira do Rio dos Sinos.
O pai de santo Jocemar Antunes de Almeida, 46 anos, e a esposa dele, Belisia de Fátima da Silva, 41 anos, foram indiciados pelos crimes de violação sexual mediante fraude, feminicídio triplamente qualificado, duplo homicídio quadruplamente qualificado – pela morte do Ariel e Miguel –, ocultação de cadáver e corrupção de menores. Dois adolescentes, de 15 e 17 anos, que foram apreendidos, vão responder pelos a infracionais análogos, exceto a corrupção de menores.
— Após a oitiva das testemunhas e a análise dos celulares de todos os suspeitos, nós concluímos que o crime foi premeditado entre os dois. Inclusive, o Jocemar tentou matá-la sozinho um mês antes e não conseguiu. Então, nós concluímos que se trata, sim, de um feminicídio. Não existe dúvidas de que estamos diante de um feminicídio — afirma a delegada Marcela Smolenaars, responsável por conduzir a investigação.
O crime teria sido motivado por ciúmes, segundo a Polícia Civil, em razão do pai de santo ter tido um relacionamento extraconjugal com Kauany.
O delegado regional Cristiano Reschke e a delegada Marcela informaram que o inquérito também concluiu que Miguel era filho de Jocemar e foi morto sufocado dentro do carro do casal. Ariel teria sido assassinado por gritar por socorro.
Conforme o Instituto-Geral de Perícias (IGP), Kauany foi morta com 53 facadas por Belisia. Ariel também teria sido assassinado com uso de arma branca, mas por Jocemar. Já o filho da jovem, Miguel, de apenas dois meses, teria morrido em decorrência de traumatismo craniano.
No entanto, o inquérito concluiu que, como não houve lesão no couro cabeludo do bebê, é provável que a cabeça de Miguel tenha sido pressionada contra o corpo de Belisia, ou o banco do carro, durante o ato de sufocá-lo, e por ser ainda frágil, sofreu o trauma. Uma nova análise do IGP foi solicitada para detalhar a morte do bebê, mas não foi entregue a tempo da conclusão do inquérito.
— Tem que ficar claro que não é porque ela praticou sozinha os atos do homicídio do bebê que os outros não respondem. Eles respondem sim, porque são garantidores da vida daquele bebê, uma vez que todos praticaram — complementa a delegada.
Outro ponto esclarecido pelos delegados é que vínculo de Miguel com Jocemar foi baseado no depoimento dele, admitindo a paternidade. No entanto, o exame de DNA do IGP foi inconclusivo.
Os laudos também indicam que o crime ocorreu por violência extrema. Isso porque marcas de defesa foram identificadas em Kauany e Ariel. A mãe do bebê também teve um dedo cortado, segundo a polícia.
Kauany e o filho, de dois meses, foram mortos.Arquivo pessoal / Arquivo pessoal
Como foi o crime
O crime aconteceu em 20 de julho. Conforme as investigações, Jocemar buscou de carro Kauany, Miguel e Ariel na casa da tia dela. Eles passaram em uma loja de conveniência, onde o homem comprou um vinho. Na sequência, pararam em uma estrada de chão.
Paralelamente, Belisia e os dois menores pediram um transporte por aplicativo até o local onde estava o marido.
Quando chegaram, a mulher e um dos adolescentes se dirigiram até o carro, onde ela executou a jovem. Jocemar matou o amigo, após ele ter pedido ajuda.
Após os crimes, o casal e os dois adolescentes seguiram no carro de Jocemar em direção a um local às margens do Rio dos Sinos, onde os corpos foram desovados. Durante o deslocamento, Belisia teria matado o bebê.
Os corpos foram encontrados três dias depois, dentro de um bueiro. Segundo a delegada Marcela, a perícia encontrou vestígios de sangue no veículo do homem.
Veículo onde teriam sido transportados os corpos das vítimas passou por perícia.Polícia Civil / Divulgação
Imagens corroboram depoimento de motorista
Na sexta-feira (25), a polícia teve acesso a imagens de câmeras que auxiliam a entender a dinâmica do crime. As filmagens vão ao encontro do depoimento da motorista de aplicativo, que citou ter levado três pessoas para o local onde os dois jovens e o bebê foram mortos.
Segundo Marcela, as imagens mostram a chegada do veículo de Jocemar no local do crime por volta de 22h40min do dia 20. Às 23h06min, aparece um segundo carro, do qual saem outras três pessoas, com aparência física similar à de Belisia e a dos dois adolescentes de 15 e 17 anos.
Ainda conforme as imagens, a mulher vai a pé até o primeiro veículo, enquanto os outros dois suspeitos ficam cuidando a rua. Oito minutos depois, o carro de Jocemar sai do local e se dirige ao ponto onde os corpos foram encontrados pela polícia. Perto do Rio dos Sinos, o veículo fica por cerca de 20 minutos e, após, sai.
Corpos foram encontrados às margens do Rio do Sinos.Polícia Civil / Divulgação
Contraponto
Os advogados Raquel Prates, Gustavo Nagelstein e Eduarda Brandolf, que defendem Jocemar Antunes de Almeida e Belisia de Fátima da Silva preferem não se manifestar sobre o indiciamento neste momento.
GZH
Os comentários são de inteira responsabilidade de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.