Justiça aumenta pena de condenado por estupro e feminicídio de adolescente indígena em Redentora
Adolescente indígena Daiane Griá Sales, de 14 anos, foi morta em agosto de 2021
02/07/2025 08:39 por Maira kempf

Foto: Diones Roberto Becker
Atendendo a recurso interposto pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), o Tribunal de Justiça do Estado aumentou a pena do homem condenado pelo estupro e feminicídio da adolescente indígena Daiane Griá Sales, de 14 anos, ocorrido em agosto de 2021, no município de Redentora. A pena, inicialmente fixada em 36 anos e seis meses de reclusão, foi aumentada em mais de dez anos, totalizando 47 anos, 2 meses e 20 dias de prisão, em regime inicial fechado.
O recurso, fundamentado na necessidade de proporcionalidade e na gravidade dos crimes, foi acolhido pelo Tribunal de Justiça nesta segunda-feira, 30 de junho, que reconheceu a presença de diversas circunstâncias judiciais negativas e agravantes, como motivo torpe, fútil, dissimulação e o uso de recurso que dificultou a defesa da vítima. O feminicídio foi cometido com o objetivo de assegurar a impunidade do estupro de vulnerável, que foi julgado como crime conexo.
O julgamento, realizado nos dias 13 e 14 de fevereiro de 2025 no Foro da Comarca de Coronel Bicaco, teve grande repercussão, porque pela primeira vez no Brasil, a etnofobia, que é o desprezo pela identidade indígena da vítima, foi reconhecida como motivo torpe para o feminicídio, representando um marco no combate à violência contra os povos originários.
As promotoras de Justiça Jaquiline Liz Staub, da comarca, e Lúcia Helena Callegari, do Núcleo de Apoio ao Júri (NAJ), atuaram na acusação, garantindo a efetiva representação dos interesses da vítima e da sociedade.
Segundo a promotora Jaquiline Liz Staub, “o aumento da pena representa não apenas o reconhecimento da extrema gravidade dos crimes cometidos, mas também um avanço na responsabilização de atos de violência motivados por preconceito étnico. É uma resposta firme do sistema de Justiça à brutalidade e à tentativa de silenciamento de uma jovem indígena”.
MP-RS
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