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Truco Missioneiro: jovem de São Miguel das Missões cria baralho temático da cultura guarani

Naipes do baralho foram substituídos por lanças, balaios e flautas e até líderes missioneiros, como Sepé Tiaraju. Projeto está em negociação com uma das principais marcas de baralhos do Brasil

09/06/2025 14:37 por Maira kempf


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Truco Missioneiro foi criado neste ano em São Miguel das Missões. Duda Fotografias / Divulgação


 

Um jovem de São Miguel das Missões, desenvolveu uma nova cara para a roda de jogo de truco. O baralho, que por si só já é um ritual dos gaúchos, se tornou ainda mais bairrista com os naipes “tradicionais” substituídos por artigos da cultura guarani. Lanças, flautas e até líderes missioneiros, como Sepé Tiarajú, são as estrelas do “Truco Missioneiro: o truco das Missões”.

Quem teve a ideia foi a acadêmico de Ciências da Computação, Dhener Amaral Mello, 24 anos. Natural de Santo Ângelo, mas criado em São Miguel das Missões, ele teve a ideia de homenagear a identidade missioneira enquanto jogava uma partida com os amigos:

— Estava entre amigos, conversando e jogando, até que um deles colocou na mesa um baralho de truco gaudério. Ali eu pensei que, se temos o truco gaudério, paulista e o espanhol, porque não ter um da cultura jesuíta guarani? Pesquisei e vi que ninguém tinha criado, então resolvi fazer.

O trabalho de desenvolvimento levou cerca de sete meses, entre pesquisa e impressão. As ilustrações das cartas foram inspiradas no cotidiano dos povos guaranis. A substituição dos naipes foi feita da seguinte forma: a espada virou lança guarani, os bastos tornam-se flautasas copas são balaios e cestos e o ouro é agora medalhão

Também há espaço para reinterpretação de grandes nomes da  resistência indígena à colonização portuguesa e espanhola. As cartas de número 10 são indígenas mulheres, as 11 são representadas pelo líder missioneiro Sepé Tiarajú e as 12 são Nicolau Languiru, líder indígena que lutou em São Gabriel no episódio conhecido como Batalha do Caiboaté.  

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O idealizador, Dhener Amaral Mello, e sua obra: o Truco Missioneiro.

Dhener Amaral Mello / Divulgação

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Ideia foi representar no baralho a história das Missões.

Duda Fotografias / Divulgação

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Identidade visual carrega as ruínas de São Miguel das Missões 

Duda Fotografias / Divulgação

 

Além do baralho, o Truco Missioneiro ainda deve ter sete cartas extras destinadas aos Sete Povos das Missões. As cartas levam uma ilustração e pequeno texto sobre cada um dos locais. 

— Quero que seja uma ferramenta de valorizar nossa cultura local, aqui e em todo o Brasil. Que enquanto as pessoas joguem, aprendam e se conectem com a história dos povos guaranis — pontua Dhener.

O futuro da ideia 

O Truco Missioneiro foi lançado durante a semana de comemoração do aniversário de São Miguel das Missões, em abril. A ideia é que ele se torne material didático das escolas e também seja comercializado para o público ainda neste ano.

— Vamos disponibilizar unidades nas escolas para que os alunos possam estudar a cultura através dos jogos. Sabemos que o truco está dentro das escolas, que muitos aprendem a jogar nos intervalos e queremos que eles utilizem — resume o idealizador. 

A marca já foi registrada e há negociações com a Copag para que seja comercializada. A previsão é de que esteja disponível para o público após o mês de julho. Interessados podem acompanhar o andamento pelo Instagram @TrucoMissioneiro.

GZH



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