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Morte de gêmeas de Igrejinha: mãe pesquisou se veneno de rato mata pessoas, aponta inquérito

Mãe foi indiciada e está presa. Defesa diz que polícia não tem provas de que pesquisa foi feita pra matar as meninas e nem que tenha sido feita por ela.

15/01/2025 14:57 por redação


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Mortes das gêmeas Antonia e Manoela Pereira são investigadas pela Polícia Civil — Foto: Arquivo pessoal


 

O inquérito que apurou o caso das gêmeas Manuela e Antônia Pereira, de 6 anos, encontradas mortas em um intervalo de oito dias em Igrejinha, no Vale do Paranhana, traz como um dos indícios um relatório de buscas enviado pelo Google à polícia após determinação judicial. A RBS TV obteve acesso à íntegra do documento.

Ele aponta que a mãe das meninas, Gisele Beatriz Dias, indiciada e presa por suspeita de assassiná-las, fez buscas para descobrir se veneno de rato é capaz de matar um ser humano.

As pesquisas, segundo o inquérito, teriam sido feitas nos dias 10, 11 e 12 de janeiro de 2024 e depois apagadas do celular. As gêmeas foram encontradas mortas em 7 e 15 de outubro do mesmo ano.

O advogado da mãe, José Paulo Schneider, afirma que "não há qualquer prova de que Gisele tenha sido responsável pela pesquisa, já que o seu então esposo tinha acesso irrestrito ao seu celular". E que "trata-se de uma pessoa que tentou diversas vezes o suicídio, o que poderia justificar a pesquisa". (Leia a nota na íntegra ao final da reportagem).

As perícias realizadas nos corpos das crianças até o momento não apontam a presença de veneno. O relatório do inquérito também não aponta como Manuela e Antônia foram sido mortas, apenas as possíveis motivações. O documento aponta que a mãe "teria notado que seu casamento estaria acabando e apresentaria comportamento egoísta quanto ao marido".

 

Feminicídios

Gisele foi indiciada por dois femincídios contra Manuela e Antônia. O enquadramento é pelo entendimento de suposto contexto de violência doméstica ou familiar.

O delegado do caso, Ivanir Caliari, apontou que a nova legislação, sancionada no período entre a morte das meninas, em 9 de outubro, tornou o feminicídio um crime e não mais uma qualificadora do homicídio. Por isso, quanto à morte de Manuela, Gisele foi indiciada por homicídio com a qualificadora de feminicídio, seguindo a legislação antiga, e pela morte de Antônia, por feminicídio.

Ela esteve internada na ala psiquiátrica do hospital de Igrejinha em setembro, um mês antes do crime. Segundo depoimento de profissionais de saúde, a mulher teria apresentado "abotamento afetivo" quanto às filhas, ou seja, supostamente não se importava com elas.

Sumiço de câmera

O sumiço repentino do registro de uma câmera de segurança que registrava o movimento da casa também é elencado como comportamento suspeito da mulher. Segundo o inquérito, Gisele disse ao marido que, dias antes da morte da primeira menina, um bandido furtou da casa dinheiro, devolveu no dia seguinte, mas levou consigo o cartão de memória que guardava as imagens. O delegado entendeu que isso foi "uma conveniente maneira de Gisele não ter suas ações filmadas no local enquanto seu marido trabalhava fora nos dias imediatamente anteriores à morte de Manuela".

Resta contra a mãe, também, a análise do comportamento dela feita pela filha mais velha. Ela contou que a mãe "estava acostumada a fazer isso (dar remédio escondido) para o pai". E contou ainda que "toda a hora do dia ela oferecia as minhas irmãs, então, ela não queria mais".

Compra de veneno

O relatório do inquérito aponta ainda que o pai das meninas, Michel Persival Pereira, que não é suspeito do crime, teria comprado, acompanhado de Gisele, oito pacotes de veneno de rato em setembro, um mês antes da morte das meninas. A polícia descobriu isso através do depoimento da funcionária de uma agropecuária, que confirmou que ele visitou o local acompanhado da esposa.

A polícia consultou o Instituto-Geral de Perícias (IGP) sobre a substância. Segundo o delegado Ivanir Caliari, a informação que recebeu é de que seriam necessários quilos da substância, chamada de cumarínico, para causar a morte de alguém. Por isso, descartou a suspeita.

O advogado de Michel, Fabio Fischer, reforçou que o cliente continua sendo tratado como "testemunha e vítima dessa situação". E reforçou que entende que "analisando as provas da autoridade policial, não há elementos contra ele", e por isso ele não foi indiciado.

Pesquisa sobre arsênio nas meninas

O Instituto-Geral de Perícias (IGP) não quis falar sobre o caso. Declarou, em nota, que perícias ainda estão sendo realizadas. A RBS TV apurou que foram feitos testes nos corpos das meninas para a substância arsênio, a mesma que matou três pessoas família mesma família em Torres, após comerem um bolo na antevéspera de Natal. O teste para arsênio nas meninas deu negativo.

Os peritos tentam ainda descobrir outras possibilidades de venenos que possam ter sido usados. Manuela chegou com quadro de parada cardiorespiratória no hospital de Igrejinha. Antônia já chegou morta na instituição.

Nota de José Paulo Schneider, advogado de Gisele Beatriz Dias:

"Em relação às pesquisas, a defesa técnica afirma que este é um elemento do inquérito que merece melhor esclarecimento. Contudo, não há qualquer prova de que Gisele tenha sido responsável pela pesquisa, já que o seu então esposo tinha acesso irrestrito ao seu celular, controlando sua vida, sobretudo nos momentos que ela, fortemente medicada por ele, estava em repouso. Além disso, trata-se de uma pessoa que tentou diversas vezes o suicídio, o que poderia justificar a pesquisa. No mais, até o momento, não há comprovação científica do envenenamento ou intoxicação das gêmeas, que é o ponto mais importante desta investigação."

G1 RS



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