Marcado o júri dos acusados pela morte da contadora Sandra Trentin
No dia 30 de janeiro fará sete anos que Sandra foi dada como desaparecida. Seu corpo foi localizado quase um ano depois, em janeiro de 2019
03/01/2025 10:14 por redação
Foto: Arquivo Pessoal / Reprodução
Prestes a completar sete anos depois de seu desaparecimento, no dia 30 de janeiro de 2018, foi marcado para 27 de fevereiro, às 9 horas, no salão do Juri de Palmeira das Missões, o julgamento dos acusados pela morte e ocultação do cadáver da contadora de Boa Vista das Missões, Sandra Mara Lovis Trentin.
Vão a júri ex-vereador e marido de Sandra, da Paulo Ivan Baptista Landfeldt, acusado como mandante do crime, e Ismael Bonetto, apontado como executor. Os dois estão presos e negam envolvimento no homicídio.
Segundo a denúncia do Ministério Público (MP), o então vereador de Boa Vista das Missões teria contratado Bonetto e outros executores — não identificados pela investigação — para assassinar a vítima. O crime teria sido planejado por Landfeldt, conforme a acusação, para se livrar da esposa, em razão de problemas no relacionamento e de um caso extraconjugal.
De acordo com o MP, o réu não queria precisar dividir o patrimônio do casal, numa eventual separação. Além disso, a acusação sustenta que Sandra tinha conhecimento do envolvimento do marido em atos ilícitos, irregularidade e improbidade administrativa, em Boa Vista das Missões, e poderia levar isso ao conhecimento das autoridades.
O político teria prometido o pagamento de R$ 40 mil para Bonetto, pelo assassinato e sumiço da mulher. Segundo a denúncia do MP, em razão disso, Bonetto e os demais executores renderam Sandra, com armas de fogo, levaram a vítima até local ermo, onde ela foi assassinada. Inicialmente, o corpo teria sido escondido em matagais no interior do município de Vicente Dutra.
Depois disso, conforme narrado na denúncia, após a prisão de Bonetto pela Polícia Civil, temendo o risco de ser delatado, o marido teria removido o corpo de Sandra, com auxílio de outras pessoas, não identificadas, até uma cova rasa, às margens da BR-285. No mesmo local, foi deixada uma sacola, contendo cartões bancários, documentos e pertences da vítima.
Relembre o caso
Sandra Mara saiu da casa onde residia com o marido e três filhas, de 16, 11 e cinco anos na época, em Boa Vista das Missões, na manhã de 30 de janeiro de 2018.
A contadora pegou a caminhonete que estava na residência do cunhado, passou no escritório de contabilidade, na mesma rua, e, por volta das 7h30min, seguiu para Palmeira das Missões.
Sandra Mara chegou a passar na Junta Comercial, no centro da cidade vizinha. Depois disso, circulou pelas ruas da área central da cidade e estacionou na Rua Rio Branco, ao lado de um CTG. A partir dali, não foi mais vista.
Dentro do veículo, foram achados dois chips e o cartão de memória do celular, a bolsa dela, um par de sapatilhas, dinheiro e diversos papéis do escritório. A família percebeu o sumiço do celular e da carteira de habilitação.
O mistério sobre o sumiço de Sandra gerou mobilização, até a morte dela ser confirmada, com a localização dos restos mortais, um ano depois. A ossada foi achada no limite com o município de Condor, a cerca de 40 quilômetros de onde a contadora sumiu, numa área de mata, quase um ano depois em janeiro de 2019. Na mesma cova rasa, estavam pertences da contadora, como cartões bancários. A análise da arcada dentária confirmou que os restos mortais eram da vítima.
Landfeldt foi preso antes mesmo de o corpo da esposa ser encontrado. Foi detido após Ismael Bonetto ser preso em Lages, Santa Catarina, e confessar à polícia ter matado a contadora a mando do então político.
Na época, segundo a polícia, Bonetto admitiu ter sido pago para interceptar a vítima e executá-la. Para o Ministério Público, o então vereador prometeu ao executor o pagamento de R$ 40 mil para assassinar Sandra Mara a tiros e esconder o corpo. Inicialmente, Bonetto confessou ter assassinado a contadora com um tiro no peito e enterrado o corpo em Vicente Dutra (a 65 quilômetros de Boa Vista das Missões). Uma semana depois, voltou atrás e disse que havia mentido.
O ex-vereador alega que foi procurado por Bonetto, que afirmava pertencer a uma facção e saber o paradeiro de Sandra. Para isso, teria exigido pagamento em dinheiro. O marido chegou a registrar essa suposta extorsão numa ocorrência na polícia e, logo depois, Bonetto acabou preso. Quando o investigado apresentou a versão sobre quem seria o mandante, Landfeldt também teve a prisão preventiva decretada. No entendimento da acusação, o crime teria sido cometido para que o marido pudesse ficar com os bens da família e assumisse outra relação, sem que houvesse separação, já que o casal viveria um relacionamento conturbado.
A causa da morte de Sandra não pôde ser apontada com precisão, em razão do tempo transcorrido entre o óbito e a localização da ossada. Segundo o Ministério Público, a possibilidade de morte por disparo de arma de fogo não foi descartada pelos peritos. No entanto, não foi encontrado nenhum projétil na cova e nos restos mortais.
Contrapontos
O que diz a defesa de Ismael Bonetto
Os advogados Volnete Gilioli e Lucas Estevão Duarte, que representam Bonetto, afirmam que "o julgamento representa um importante passo em busca de justiça".
"O acusado encontra-se preso há mais de seis anos. E que, muito embora várias versões foram expendidas pelo acusado ao tempo da instrução da primeira fase e que as teses aventadas pela acusação na denúncia não trazem a verdade sobre a hipótese fática, as antíteses defensivas serão levadas a termo no julgamento, onde os constitucionais julgadores, os jurados, farão o cotejo dos elementos de culpabilidade e decidirão sobre qual versão é a mais provável de ter ocorrido ao tempo do fato", diz a nota da defesa.
O que diz a defesa de Paulo Ivan Baptista Landfeldt
A reportagem entrou em contato com o advogado João Taborda, um dos responsáveis pela defesa do réu, e aguarda retorno. Em manifestação anterior, o advogado afirmou que não existem provas que liguem Landfeldt à morte da esposa.
*Com informações GZH
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