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Aprosoja-RS projeta safra com baixa rentabilidade

Apesar de Cepea indicar lucro bruto de R$ 606 por hectare de soja no RS, ante perda de R$ 852/ha de 2023, preços limitam resultados

03/04/2024 09:58 por redação


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Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) divulgou, nesta terça-feira, que a safra 2023/2024 da oleaginosa será a mais desafiadora dos últimos 25 anos no Brasil. A previsão baseia-se em um estudo do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea Esalq/USP), apresentado juntamente com a Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), que aponta maior prejuízo a quem investe no sistema de cultivo consorciado com milho.

O levantamento, no entanto, coloca o Rio Grande do Sul na contramão de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná. Enquanto a receita líquida operacional com a soja, na comparação com a safra anterior, recua 86%, em Rio Verde (GO), e 130%, em Sorriso (MT), no RS, cresce 171%.

O cálculo, que retrata, de fato, o que é recebido pelo produtor após a venda, resulta em R$ 606 por hectare em Carazinho nesta safra. O município foi escolhido como referência por sua similaridade aos demais na questão do frete.

A projeção positiva, no entanto, não reflete a realidade gaúcha, de acordo com o presidente da Associação dos Produtores de Soja no Rio Grande do Sul (Aprosoja-RS), Ireneu Orth, visto que a comparação é feita sob o resultado negativo de R$ 852 por hectare na safra 2022/2023 – quando os produtores locais foram duramente afetados pela estiagem.

Com o valor médio da saca em R$ 115 e R$ 120 atualmente, o dirigente projeta que o rendimento financeiro deste ciclo será semelhante ao do ano passado, quando a saca chegou a R$ 180.

“Vai dar para cobrir os custos em lavouras sem despesa de arrendamento, vai dar para equilibrar as contas, pagar alguma prestação de investimento anterior, mas sobrar não vai”, garante Orth.

O analista de Mercado da consultoria Safras & Mercado Luiz Fernando Gutierrez Roque explica que a perda de rentabilidade está diretamente associada à tendência baixista dos preços e não à alta de custos. Também está ligada à redução na produtividade da soja em nível nacional por conta das adversidades climáticas.

“Estamos operando com custo 25% mais baixo do que em 2022/2023”, lembra Roque.

O cenário faz com que o consultor considere a possibilidade de a área destinada ao plantio do grão, no Estado, possa diminuir na próxima safra. “É uma possibilidade que está crescendo, um fenômeno inédito nas últimas duas décadas, quando sempre se pensou no oposto”, afirma.

Correio do Povo



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