Pelo bem estar de crianças autistas, escolas mudam alarme por música em Bagé
Instituições de ensino têm até abril deste ano para realizar as adequações
29/02/2024 14:49 por redação
Escola de Bagé trocaram alarmes por toques musicais — Foto: Reprodução/RBS TV
Escolas privadas e da rede pública de Bagé, na Região Sul do estado, estão em processo de mudança de alarmes por toques musicais mais leves para comunicar as mudanças de turnos e os intervalos aos alunos. Aprovada como lei na Câmara de Vereadores do município, a proposta busca adequar o ambiente escolar aos estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
A medida entra em vigor este ano e prevê multa às escolas que não se adequarem até o mês de abril. Das 120 instituições de ensino da cidade, apenas quatro começaram o processo de mudança dos sinais sonoros.
As crianças do espectro autista, segundo Patrícia Gonçalves Silva, especialista em educação especial, tendem a se desorganizar com facilidade quando há estímulos como barulho.
"A rotina precisa ser sempre organizada de maneira que não se sintam desestabilizadas emocionalmente e desorganizadas dentro do raciocínio da aprendizagem delas", explica.
Escola de Bagé trocaram alarmes por toques musicais — Foto: Reprodução/RBS TV
A fiscalização das escolas será realizada pela Secretaria Municipal de Educação. As multas àquelas que não cumprirem com a demanda podem chegar a R$ 1 mil.
Conforme dados da rede de ensino de Bagé, mais de 400 alunos lidam com algum grau de autismo no município.
Adequação
A Escola Estadual Dr. Arnaldo Faria, no bairro São Sebastião, em Bagé, é uma das instituições que iniciou as mudanças dos sinais sonoros estridentes por outros mais sutis.
"Nós adquirimos o toque musical, porque em sala de aula esse barulho mais alto desestruturava a criança. Ela se sentia incomodada. Tanto ela quanto alguns professores sentiam incomodados com esse barulho", comenta a diretora Martha Marques.
Para o estudante Pietro Salinas, de 7 anos, e em processo de diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA), a alteração sonora já é perceptível.
“Incomodava meu cérebro. Eu não conseguia me concentrar direito. Agora, esse sinal novo não me incomoda mais”, diz.
Pietro Salinas, de 7 anos, diz que já percebeu a alteração sonora nos alarmes do colégio — Foto: Reprodução/RBS TV
A diretora da escola lembra que alguns estudantes autistas chegavam a tapar os ouvidos. Com o toque mais suave, amenizou o mal-estar. Os benefícios também foram observados por outros alunos.
Gael Cardoso, de 9 anos, conta que quando a sirene anterior soava, “podia borrar”, enquanto estava copiando no caderno. A novidade o agradou. “Esse daí é muito bom, até fico cantando junto. É uma musiquinha legal, um ritmo bom”.
G1/RS
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