Ministério Público denuncia três PMs por morte de jovem após abordagem em São Gabriel
Corpo de Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, foi encontrado dentro de açude
05/09/2022 11:20 por redação
Gabriel foi encontrado morto após abordagem da BM Arquivo pessoal / Arquivo Pessoal
O Ministério Público (MP) denunciou os três policiais militares presos por suspeita de envolvimento na morte de Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, em São Gabriel, na Fronteira Oeste. O corpo do jovem, que desapareceu após uma abordagem da Brigada Militar, foi encontrado dentro de um açude.
Os três PMs foram denunciados tanto na Justiça Militar como na Justiça Comum. O segundo-sargento Arleu Júnior Cardoso Jacobsen e os soldados Cléber Renato Ramos de Lima e Raul Veras Pedroso estão presos preventivamente no Presídio Militar de Porto Alegre.
O MP entendeu que o homicídio foi cometido com as qualificadoras de motivo fútil, meio cruel e uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima.
— O MP esteve acompanhando esses fatos desde que recebeu a notícia do desaparecimento do Gabriel. Ao longo dessas investigações, já se passou à análise de um possível crime contra a vida, o que acabou se confirmando — disse a promotora Lisiane Veríssimo da Fonseca, que atua em São Gabriel.
Ocultação de cadáver
Na Justiça Militar, a Promotoria também denunciou os dois soldados e o sargento pelos crimes de ocultação de cadáver e falsidade ideológica (em razão das informações que foram inseridas no boletim de ocorrência).
— O corpo foi descartado num açude — afirmou o promotor Diego de Barros.
Segundo ele, embora os três PMs tenham sido indiciados pela Corregedoria da Brigada Militar também por homicídio, esse tipo de crime deverá ser julgado pela Justiça Comum, por isso não foi oferecida denúncia na esfera da Justiça Militar.
O desaparecimento
Gabriel desapareceu na madrugada de 13 de agosto, quando foi visto pela última vez sendo colocado dentro de uma viatura da BM. Ele havia sido abordado pouco antes no bairro Independência, em São Gabriel.
O corpo do jovem foi encontrado dias depois, dentro de um açude na localidade de Lava Pé, a cerca de dois quilômetros do local da abordagem.
O laudo de necropsia do Instituto-Geral de Perícias apontou que Gabriel morreu por hemorragia interna causada por uma agressão na coluna cervical. Ele também tinha um hematoma na cabeça.
Segundo a polícia, durante a abordagem, Gabri teria sido agredido com um tapa, depois caiu e bateu com a cabeça num paralelepípedo. Na sequência, teria sido agredido com um cassetete e posto contra a vontade na viatura.
A investigação concluiu que o crime foi motivado porque Gabriel estaria embriagado e teria se dirigido a um policial, chamando-o de fraco.
Contrapontos
O que diz a defesa do segundo-sargento Arleu Júnior Cardoso Jacobsen
O advogado Ivandro Bitencourt Feijó sustenta que o cliente é inocente das acusações, que considera "equivocadas e injustas". Sobre o oferecimento da denúncia, afirmou que ainda não teve acesso aos documentos do caso:
"Seguindo a lógica dos processos espetaculares, sabemos apenas pela imprensa da oferta dos termos da denúncia. Até o momento não temos acesso aos sistemas eletrônicos dos termos destas, nem ainda ao relatório e outros documentos do Inquérito, violando claramente a súmula 14 do STF e de duas decisões judiciais de São Gabriel, uma delas na data de ontem em regime de plantão. Portanto, o interesse das autoridades entre eles do MP é o interesse na divulgação dos atos e não da efetiva e célere atuação."
O que diz a defesa dos soldados Raul Veras Pedroso e Cléber Renato Ramos de Lima
GZH tenta contato com a advogada Vânia Barreto. Em todas suas manifestações até o momento, ela reiterou a inocência dos clientes.
GaúchaZH
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