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Eduardo Leite anuncia pré-candidatura ao governo do RS

Confirmação foi dada na tarde desta segunda-feira, em Porto Alegre

13/06/2022 14:11 por Maira Kempf


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Ranolfo, que era o candidato do partido, abraça Eduardo Leite após anúncio na Capital André Ávila / Agencia RBS


 

Setenta e cinco dias após ter renunciado, Eduardo Leite (PSDB) anunciou que disputará nas urnas um novo mandato de quatro anos à frente do Palácio Piratini. A confirmação, já delineada nas últimas semanas, foi feita em entrevista coletiva no início da tarde desta segunda-feira (13) na sede do PSDB, no centro de Porto Alegre, com a presença de diversas lideranças políticas.

Entre elas estava o governador Ranolfo Vieira Júnior, que era o candidato do partido para a sucessão, mas abriu mão em nome da continuidade do projeto. A avaliação política é de que a candidatura de Leite acaba se impondo por ele ter maior envergadura política e eleitoral, conforme demonstram as pesquisas realizadas até o momento. Leite disse que começou a amadurecer a ideia de disputar um novo mandato em janeiro, ante dificuldades de manter a base de apoio unida em torno de outro candidato e de apelos que passou a receber de setores empresariais pela continuidade. Citou reiteradamente ter sentido necessidade de se apresentar diante de outros postulantes ao Piratini que chamou de "populistas" à esquerda e à direita, que ameaçam romper com políticas construídas no seu governo, como a adesão do regime de recuperação fiscal. 

— O Rio Grande do Sul virou o jogo, mas o jogo não terminou. Me sinto responsável e comprometido para que o Estado não se perca no caminho, não tenha retrocessos. Temos contas e salários em dia, fazendo investimentos e isso nos faz sonhar com o futuro. Antes não tínhamos noites de sono, com credores batendo à porta — afirmou o pré-candidato tucano.

Com berço político em Pelotas, no sul do Estado, Leite buscou alçar voos nacionais e disputou as prévias do PSDB para concorrer à Presidência da República. Perdeu a disputa, mas ainda assim renunciou ao cargo de governador em 30 de março, de olho na eleição nacional — na expectativa de que o adversário, o ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB), desistisse em seu favor.

Doria até acabou capitulando, mas o PSDB decidiu apoiar a senadora Simone Tebet (MDB) na disputa pelo Palácio do Planalto. Leite, então, voltou as atenções ao Rio Grande do Sul: dizendo-se preocupado com propostas populistas de direita e esquerda que ameaçam os resultados de austeridade construídos no seu governo, coloca-se novamente na corrida regional.

Outro emblema com o qual Leite terá de lidar provém das reiteradas declarações dadas ao longo da carreira de ser contra a reeleição. Ele sempre afirmou que não concorreria ao segundo mandato ao Piratini, mas agora o faz, abrindo margem para questionamentos.

O ex-governador reagiu à crítica de que, após o insucesso na tentativa nacional, voltou ao Rio Grande do Sul como plano B. Afirmou que, se quisesse ser candidato à Presidência a qualquer custo, poderia ter aceito uma das possibilidades que lhe foram oferecidas. O PSD, por exemplo, abriu legenda para a candidatura de Leite, mas ele optou por ficar no PSDB. Também afirmou que somente aceitou concorrer novamente ao Piratini por estar fora do governo, após a renúncia. Na atual condição, avaliou Leite, ele poderá concorrer "sem usar instrumentos do poder para conquistar votos ou negociar alianças e apoio".

Com a insistência de perguntas no tema do retorno e da mudança de posição, afirmou: — Quem vai fazer o julgamento é a população, a partir do que fizemos e a partir do que somos capazes de fazer nos próximos quatro anos. Um caminho seguro, que respeita, que não divide e que tem posição para entregar resultados.  

Haverá ainda tabus diante de Leite. Um deles é o fato de nenhum governador gaúcho ter sido reeleito na história pós-redemocratização. O tucano volta ao páreo apostando em resultados na gestão fazendária, no enfrentamento à pandemia, em estatísticas da segurança pública, nas sempre polêmicas privatizações concretizadas e na retomada de investimentos do setor público e privado em áreas diversas, incluindo infraestrutura.

Um aspecto que indica força da chapa de Leite é a provável aliança que irá costurar com partidos que foram aliados do seu governo. O Cidadania já está em federação com o PSDB e, além disso, tem conversas frutíferas com PSD, União Brasil e Podemos.

O grande desafio será conseguir um acordo com o MDB, de quem o PSDB espera retribuição pelo apoio dado a Tebet na disputa nacional. Algumas lideranças emedebistas apoiam o acordo, o que levaria à retirada da pré-candidatura de Gabriel Souza (MDB) ao Piratini — ele é apontado como candidato a vice na chapa de Leite.

Contudo, entre militantes, juventude e parte da velha guarda do MDB, é feroz a resistência à aliança com Leite. O assunto suscita mágoas e disputas pessoais, com potencial para ser traumático, sobretudo para o MDB. O discurso dos favoráveis à aproximação, como Germano Rigotto e José Fogaça, é de que seria um erro dividir o centro democrático em momento de polarização entre forças lulistas e bolsonaristas.

O governador Ranolfo, que abriu mão de disputar a eleição como candidato do PSDB, deixou a entrevista coletiva antes do final para tocar a agenda do Palácio Piratini. Ele reforçou o discurso de que Leite é o caminho seguro para o Rio Grande do Sul.

— Não podemos sequer imaginar a possibilidade de uma ruptura, de um retrocesso. O que me move na vida não são vaidades pessoais. Me honraria muito a possibilidade de dar prosseguimento, mas, nas conversas, entendemos que o nome do Eduardo Leite, nesse momento de polarização no cenário nacional, é o melhor para o projeto — avaliou Ranolfo.   

Gaúcha ZH



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