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Dia da Mulher: mais do que comemorar é preciso refletir

Em 2021, foram registradas na Polícia Civil em Santo Augusto 69 ocorrências de ameaças contra mulheres, 33 lesões corporais, dois estupros e uma tentativa de feminicídio.

08/03/2022 10:33 por Maira Kempf


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Hoje é o Dia Internacional da Mulher e mais do que comemorar é preciso refletir sobre algumas questões, como os índices de violência contra a mulher.

Apesar do indicador sobre os feminicídios no RS registrar retração de 9,1% em janeiro de 2022, o patamar ainda segue alto, o que mantém em alerta as forças de segurança. Em janeiro dez mulheres foram assassinadas no RS por questões de gênero.

Em Santo Augusto, os indicadores da Violência Contra a Mulher, da Secretaria de Segurança Pública — SSP mostram que em janeiro deste ano ocorreram 6 registros de ameaça e um de lesão corporal. Não houveram estupros, feminicídios ou tentativas de feminicídios registradas na Polícia Civil no mês de janeiro. Os dados de fevereiro ainda não foram computados.

Se comparado ao ano passado, houveram quatro ocorrências a menos de ameaças e o mesmo número de lesões corporais. Em todo o ano passado, houveram 69 ameaças contra mulheres registradas na polícia em Santo Augusto, 33 lesões corporais, dois estupros e uma tentativa de feminicídio.

Por isso, as autoridades reforçam a importância das denúncias, seja por parte das próprias vítimas, familiares, amigos e até mesmo desconhecidos, para possibilitar a ação policial logo aos primeiros sinais de abuso, de forma a romper o ciclo de violência antes que ele se encerre em um feminicídio.

Em caso de emergências, o canal é o 190 da Brigada Militar. Suspeitas sobre agressões e abusos também podem ser comunicadas 24 horas pelo Disque Denúncia 181, pelo Denúncia Digital no site da SSP e pelo WhatsApp da Polícia Civil: (51) 98444-0606.  Clique aqui e denuncie. Em todos os casos, o anonimato é garantido.

 

Em Santo Augusto, você também pode ligar para a Brigada Militar no 9 9933-0725.

 

Levantamento mostra que denúncias de violência contra a mulher seguem em patamar elevado

Ainda que de forma menos intensa, a pandemia seguiu afetando especialmente as mulheres no Rio Grande do Sul em 2021. Conforme dados da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, ligada ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, das 14.985 denúncias recebidas pelo órgão, 4.417 tratavam de violência de gênero – 29,5% do total. O percentual representa leve queda em relação a 2020 (33,9%) e está equiparado com o registrado no Brasil, que tinha 30% do total de denúncias relativas a violações contra a mulher.

O ambiente doméstico foi o local que concentrou 87,7% das denúncias de violência contra a mulher no RS, acima dos 85,3% registrados em 2020, e tinham os cônjuges ou ex-cônjuges como principais suspeitos, em 63,6% das denúncias de 2021 ante 58,1% em 2020. Os dados estão em destaque no estudo "Igualdade de Gênero: apontamentos dos efeitos da pandemia", divulgado nesta terça-feira (8/3) pela Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG).

O documento sobre igualdade de gênero é produzido desde 2019 e foi elaborado pela pesquisadora Mariana Lisboa Pessoa e pelos pesquisadores Guilherme Sobrinho e Raul Bastos do Departamento de Economia e Estatística (DEE/SPGG). O material mostra a evolução dos indicadores do RS na busca pelo cumprimento de um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), que trata da promoção da igualdade de gênero como forma de reduzir as desigualdades sociais.

Questões relativas à violência de gênero, inserção da população feminina no mercado de trabalho, acesso a políticas públicas, participação em cargos de chefia e eletivos e da saúde sexual e reprodutiva das mulheres estão entre os aspectos abordados na atualização do estudo.

"Com o seguimento da pandemia em 2021, a análise dos indicadores mostrou que as mulheres continuam sendo as mais afetadas pelas medidas de isolamento social. A violência contra a mulher segue uma das principais problemáticas relacionadas a esse cenário", avalia Mariana.

As violações que afetam a integridade física e psíquica das mulheres foram as mais frequentes nas denúncias recebidas na Ouvidoria, representando 63,9% e 91,6% do total no RS. "Uma denúncia pode conter, e é o que mais ocorre, mais de uma violação. Esse dado é importante, pois frequentemente se considera a violência física como a principal violação recebida pelas mulheres", ressalta Mariana.

No Estado, as mulheres vítimas de violência eram predominantemente brancas (67,2%), tinham entre 20 e 44 anos (67,4%), nível básico de ensino, completo ou incompleto (76,6%, sendo 36,8% incompleto e 39,8% completo) e ganhavam até três salários mínimos (89,6%, sendo que 51,1% recebiam menos de um salário).

"Apesar de as mulheres brancas predominarem no contingente de gaúchas que sofreram violência, proporcionalmente as negras foram as mais afetadas, uma vez que o total de mulheres autodeclaradas negras era de 15,6% no último censo e entre as mulheres que denunciaram violência o percentual de negras era de 31,7%", completa a pesquisadora.

Entre os tipos de agressão computadas pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), tiveram queda em 2021 na comparação com o ano anterior ameaça (-3,3%), lesão corporal (-5,1%) e feminicídio tentado (-25,1%); enquanto estupro (11,7%) e feminicídio consumado (+27,6%) registraram alta.



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