Dólar tem avanço de 32,5% em 2020 e pressiona preços
22/06/2020 09:01 por edjunior
O dólar acima da marca de R$ 5 virou realidade em meio à pandemia de coronavírus no país. Com incertezas na economia, tensão política e juro básico na mínima histórica, a cotação da moeda americana acumula alta de 32,5% no ano. Assim, pressiona preços de itens que dependem de insumos importados para produção, como combustíveis, alimentos e eletroeletrônicos.
Isso, contudo, não quer dizer que os valores terão disparada de um dia para outro. Em razão da crise provocada pela covid-19, a demanda por produtos diversos demonstra fraqueza. Ou seja, o mercado em dificuldades tende a diminuir a velocidade dos repasses para preços de itens como gasolina e pães. Ambos são fabricados a partir de commodities (petróleo e trigo) que acompanham a variação do dólar.
Na sexta-feira, após sete altas seguidas, a cotação da moeda americana recuou para R$ 5,3182. Em 13 de maio, chegou a alcançar R$ 5,9012, recorde nominal no fechamento de uma sessão. No fim de 2019, estava em R$ 4,0129.
— O dólar alto resulta em aumento de custos para quem importa mercadorias. Em algum momento, deve gerar impacto para o consumidor, mas, agora, a economia segue fraca. Então, muitas empresas seguram parte dos repasses, com margem de lucro menor neste período — explica o economista-chefe da gestora de recursos Geral Asset, Denilson Alencastro.
Para segmentos exportadores, a moeda americana em elevação tende a trazer benefícios. Mas o coronavírus chacoalhou o comércio internacional, restringindo a circulação de parte das mercadorias. Em maio, as exportações da indústria gaúcha caíram 26,7%, para US$ 775,7 milhões. Foi o pior resultado para o mês em 15 anos, aponta a Federação das Indústrias do Estado (Fiergs).
— Estamos vivendo momento de contração no mercado. Quase todos os setores apresentam queda nas exportações. A ociosidade não é só aqui. O mundo inteiro está passando por recuo na demanda — pontua o economista-chefe da Fiergs, André Nunes de Nunes.
No agronegócio gaúcho, ainda não há dados atualizados sobre as exportações até o último mês. Com grande inserção no mercado internacional, o setor é impactado por forte estiagem.
— Agora, o dólar em alta é positivo, porque estamos vendendo mais do que comprando do Exterior. Daqui a uns meses, será ruim. A importação de mercadorias ganha intensidade em agosto e setembro para preparar a safra de verão — diz Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
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