Com dois surtos confirmados, número de casos de meningite no ano já supera o de 2024 no RS
O Estado também registra sete óbitos pela doença
02/10/2025 08:56 por Maira kempf

Queda da vacinação é apontada como uma das razões para o contexto. Divulgação
O número de casos de meningite confirmados no Rio Grande do Sul em 2025 superou o total do ano passado. Até o dia 13 de setembro de 2025, foram registrados 57 casos da doença, mais do que os 53 notificados em todo o ano passado.
De acordo com o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), há dois surtos ativo da doença no Estado. Um deles foi causado pelo sorogrupo Y em Pelotas, na zona sul, com três pessoas confirmadas.
Outro surto, associado ao sorogrupo B, ocorreu em Bento Gonçalves, na Serra. Foram confirmados três casos.
Já em Canguçu, no sul do Estado, autoridades registaram duas pessoas diagnosticadas com o sorogrupo Y, um dos pacientes foi a óbito. A morte fez com que as ações de vigilância da doença fossem intensificadas, mesmo não sendo considerado um surto no local.
Neste ano, 14 das 18 Coordenadorias Regionais de Saúde (CRS) notificaram casos. As regiões de Palmeira das Missões, Caxias do Sul e Pelotas concentram a maior incidência. O sorogrupo B da doença predomina na circulação no Rio Grande do Sul, com 43,9% dos casos. Na sequência, o grupo Y corresponde a 21%.
Segundo a Chefe adjunta do Centro de Vigilância em Saúde, Letícia Martins, o aumento de casos está relacionado a diversos fatores, incluindo a baixa na cobertura vacinal. No entanto, no Estado o cenário aponta para retorno dos números de momento antes da pandemia de covid-19:
— Durante a pandemia nós tivemos baixa nas notificações em função das medidas que foram adotadas. O que notamos agora é que o RS está retomando os números de antes. Em 2018, por exemplo, foram 84 casos de doença meningocócica — explicou.
Mortes pela doença
Neste ano, o Estado registrou sete óbitos por doença meningocócica. Trata-se do mesmo número de óbitos verificado em 2024.
Segundo os dados do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, a taxa de letalidade, considerando os dados até setembro, é de 12,3%. O índice é inferior ao verificado no ano passado.
Vacinação abaixo da meta
O imunizante contra a doença é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Neste ano, o Ministério da Saúde implementou a vacina meningocócica ACWY para crianças de 12 meses. A mudança amplia a proteção contra os principais sorogrupos da bactéria causadora da meningite.
Já a vacina que protege contra o sorotipo B da doença não está disponível no SUS. O imunizante é oferecido apenas pela rede privada.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, o Rio Grande do Sul ainda não atingiu a meta de aplicação dos dois imunizantes. O objetivo era atingir 95% do público alvo vacinado contra meningocócica C, mas apenas 81% está protegido. Já no caso da vacina meningocócica ACWY, a meta é de 80%, mas até o momento, 54% do público recebeu o imunizante.
Os sintomas
A meningite é uma inflamação das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Pode ser causada por vírus, fungos, parasitas ou bactérias. Entre elas, a meningite bacteriana é a mais grave, responsável por hospitalizações, sequelas e óbitos.
A doença meningocócica, causada pela bactéria Neisseria meningitidis, é uma das formas mais preocupantes. Os sorogrupos A, B, C, W, X e Y podem provocar quadros graves da doença e surtos.
A SES afirma que a rede de saúde está orientada a redobrar a atenção aos sintomas suspeitos de meningite. São eles:
- Febre acompanhada de rigidez de nuca
- Confusão mental
- Convulsões
- Erupções cutâneas
- Outros sinais neurológicos
Em crianças menores de dois anos, também devem ser considerados sintomas como:
- Irritabilidade
- Choro persistente
- Abaulamento da fontanela (o inchaço e a protuberância da moleira do bebê)
GZH
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