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Polícia confirma por DNA quem é a mulher que teve partes do corpo deixadas na rodoviária de Porto Alegre

Suspeito do crime, o publicitário Ricardo Jardim foi preso na última quinta-feira pelo Departamento de Homicídios

08/09/2025 07:19 por Maira kempf


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Ricardo Jardim foi preso na quinta-feira suspeito da morte de Brasília Costa. Ronaldo Bernardi / Agencia RBS


Uma perícia de comparativo genético confirmou a identificação da mulher que foi assassinada e esquartejada em Porto Alegre no mês passado. A vítima teve partes do corpo deixadas numa mala depositada no guarda-volumes da rodoviária da Capital em 20 de agosto. Segundo o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil, a vítima é Brasília Costa, 65 anos.

Natural de Arroio Grande, município no sul do Estado, a vítima residia na zona norte de Porto Alegre, onde trabalhava como manicure em salões de beleza.

— Ela iniciou um relacionamento com ele há cerca de cinco ou seis meses. Até o momento, pelo que sabemos, estariam morando juntos nessa pousada. Ela mantinha uma vida normal, não tinha inimigos perceptíveis, tinha uma boa conduta na região. Assim como ele, também não havia chamado atenção. Era comunicativo, inteligente, não levantava suspeitas, apesar do histórico já existente — afirma o delegado Mario Souza, diretor do DHPP.

O suspeito do crime, Ricardo Jardim, 66 anos, foi preso de forma preventiva na última quinta-feira (4). Em 2015, o publicitário havia sido preso por matar a própria mãe e concretar o corpo dela num móvel dentro do apartamento onde a idosa vivia, no bairro Mont'Serrat, em Porto Alegre. 

Em 2018, ele foi condenado a 28 anos de prisão pelo assassinato da mãe. No início do ano passado, ele recebeu direito à progressão de regime e, no começo deste ano, passou a ser considerado foragido. A polícia suspeita que Brasília tenha sido assassinada no quarto da mesma pousada onde eles viviam. 

Exame de DNA

A identificação de Brasília se deu por meio do comparativo genético com um familiar. A coleta foi realizada pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) na semana passada, após a polícia chegar ao possível nome da vítima. 

Exames anteriores já tinham comprovado que o tronco humano encontrado numa mala na rodoviária e as outras partes do corpo, localizadas anteriormente dentro de sacos plásticos no bairro Santo Antônio, pertenciam à mesma vítima. A perícia também foi responsável por confirmar a presença do DNA de Jardim nos sacos plásticos usados para descartar as partes do corpo. A polícia aguarda no momento a realização de outros exames. 

Na manhã de sábado (6), uma perna foi encontrada boiando no Guaíba, no bairro Ipanema, na Zona Sul. No domingo (7), a polícia foi acionada após outras partes humanas serem localizadas na orla do Guaíba, na área do Pontal. Segundo a polícia, trata-se do segmento da perna e de um pé.

Em ambos os casos, a polícia suspeita que possa haver relação com o crime da rodoviária e que sejam partes do corpo da mesma vítima. No entanto, a confirmação depende da realização de novos exames de comparativo genético. O crânio da vítima ainda não foi localizado — a polícia suspeita que ele pretendesse dispersar a cabeça da mulher em outro ponto da cidade.

Preso alegou mal súbito

Após ser preso, Jardim chegou a dizer que Brasília havia sofrido um mal súbito. No entanto, para os policiais, trata-se de um crime planejado. O caso é investigado como feminicídio, com motivação financeira.

— Ele planejou esse crime e preparou o quarto da pousada para isso, com lonas e fitas. Matou a vítima e esquartejou o corpo dela. Acreditamos que esse crime tenha acontecido no dia 9 de agosto. Depois, ele passou a descartar partes do corpo da vítima em pontos da cidade, inicialmente no bairro Santo Antônio e depois na rodoviária. Ele estava se organizando para um novo ato. Ele tinha absoluta certeza de que não seria preso. Queria manter o controle da situação — diz Souza.

Um dos pontos que ainda precisa ser esclarecido é como se deu a morte de Brasília. A polícia suspeita que o criminoso possa ter usado algum sedativo para dopar a namorada ou mesmo sufocado a vítima, como forma de impedir que ela conseguisse pedir socorro.

— Acredito que só tenhamos uma certeza sobre a causa da morte quando tivermos todas as partes do corpo reunidas. Aguardamos ainda algumas perícias para que possamos determinar  — afirmou o diretor do IGP-RS, Paulo Barragan.

Outras perícias

Sacos de lixo

Em 13 de agosto, quando braços e pernas foram encontrados na Rua Fagundes Varela, na zona leste de Porto Alegre, o perito do IGP coletou os nós dos sacos de lixo onde estavam os remanescentes humanos. O intuito era preservar possíveis vestígios biológicos deixados por quem manuseou os sacos, na expectativa de que isso pudesse auxiliar na identificação dos envolvidos no crime. 

Esse material e os seis fragmentos humanos encontrados foram encaminhados à Divisão de Genética Forense do Departamento de Perícias Laboratoriais.

Compatibilidade

Os peritos conseguiram, em uma primeira etapa, extrair o perfil genético dos remanescentes humanos, confirmando que todos os fragmentos pertenciam a uma mesma pessoa do sexo feminino. Esse perfil foi inserido no Banco de Perfis Genéticos do RS, mas não houve correspondência com os registros de familiares de pessoas desaparecidas, o que impediu a identificação da vítima.

Mala na rodoviária

O caso ganhou novos contornos em 1º de setembro, quando um tronco humano foi localizado dentro de uma mala no guarda-volumes da rodoviária de Porto Alegre. Novamente, o IGP foi acionado para realizar a perícia no local do encontro do cadáver. 

O material genético extraído foi comparado com os membros anteriormente encontrados na zona leste da Capital e o exame confirmou que se tratava da mesma vítima.

Match

Dois dias depois, foram concluídas as análises nos nós dos sacos nos primeiros fragmentos encontrados. Foi identificado um segundo perfil genético, desta vez de um homem. O material genético encontrado foi incluído no Banco de Perfis Genéticos para comparação. Os peritos iniciaram uma busca entre os perfis que estão no banco, resultando em um confronto positivo, que é chamado de match.  

O material era compatível com o de um homem que havia passado por coleta de material biológico em 2021, após ser condenado por homicídio. Tratava-se de Ricardo Jardim, que mais tarde seria localizado e preso pela Polícia Civil.

GZH



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