Secretaria de Saúde investiga suspeita de febre amarela após mortes de bugios no noroeste do RS
Animais são altamente sensíveis ao vírus disseminado por mosquitos infectados. Amostras foram encaminhadas para exames laboratoriais
29/07/2025 14:23 por Maira kempf

Casos foram registrados em Santo Antônio das Missões, no noroeste gaúcho. Prefeitura de Santo Antônio das Missões / Divulgação
A Secretaria Municipal de Saúde de Santo Antônio das Missões investiga a morte de dois bugios na localidade de São José, no interior do município. A suspeita é que os animais tenham sido vítimas de febre amarela.
Segundo o secretário municipal de Saúde, Lauro Barros Boccacio, o caso foi comunicado à 12ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), que enviou técnicos epidemiológicos ao local na segunda-feira (28).
Amostras de um dos animais foram coletadas para análise laboratorial. O outro estava em estado avançado de decomposição e não pôde ser aproveitado para exames.
— As amostras foram levadas para exames e, agora, aguardamos o resultado para confirmar ou descartar a febre amarela. Tudo faz parte do protocolo de rotina nesses casos — explicou o secretário.
A população foi orientada a comunicar imediatamente a Secretaria de Saúde caso encontre outros primatas mortos. Isso porque, assim como outras espécies de macacos, esses animais são altamente sensíveis ao vírus da febre amarela e morrem com a infecção, diferente dos humanos, que podem ser contaminados, mas apresentar sintomas leves ou assintomáticos.
— Os macacos são aliados no controle da doença e a detecção precoce permite que as ações preventivas sejam iniciadas rapidamente — reforçou Boccacio.
O município de Santo Antônio das Missões teve um caso confirmado de febre amarela em bugio em 2023. À época, não foi registrada transmissão do vírus a humanos. A cobertura vacinal da cidade é maior que 70% e inferior a 95%, conforme a Secretaria Estadual de Saúde (SES).
Doença é transmitida por mosquitos infectados
Bugios não transmitem a febre amarela. Vetor da doença são mosquitos infectados.Gabriel Haesbaert / Especial
Apesar de os macacos serem hospedeiros da doença no seu ciclo silvestre, eles não transmitem a doença: a febre amarela é transmitida apenas por mosquitos infectados. A principal forma de prevenção é a vacinação, disponível da rede pública de saúde para pessoas de 9 meses a 59 anos de idade.
O Rio Grande do Sul teve um caso confirmado de febre amarela em março de 2024, ocorrido no final de 2023, no município de Rolante. Segundo relatório do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), o caso evoluiu para hospitalização, com posterior melhora clínica e alta, sem identificação de outros casos suspeitos. Até então, o Estado não registrava casos humanos da doença desde 2009.
Relatório do Cevs referente ao primeiro semestre de 2025 informou que, até 8 de julho, 66 primatas mortos foram analisados e não houve casos confirmados.
Segundo o Cevs, os exames devem ser concluídos dentro de 15 dias. A recomendação para vacinação se estende para todo o RS, independente de mortes de bugios nos municípios.
Quais os sintomas da febre amarela
De acordo com o Ministério da Saúde, os sintomas iniciais da doença incluem:
- febre de início súbito
- calafrios
- dores na cabeça, nas costas e no corpo em geral
- enjoo
- vômito
- fraqueza.
Via de regra, as pessoas melhoram após esses sintomas, mas 15% ficam cerca de um dia sem sintomas e, depois, evoluem para quadros mais graves. Por isso, é essencial ter acompanhamento médico.
GZH
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