A cantora Mary Terezinha morreu, aos 79 anos, nesta segunda-feira (30), em Porto Alegre. Segundo o filho da artista, Alexandre Lima Teixeira, ela faleceu à tarde, no lar onde residia, de causas naturais, após complicações em razão de uma queda, na qual fraturou o fêmur.

Muito conhecida por sua parceria com o cantor gaúcho Teixeirinha, a acordeonista protagonizou 12 filmes, se apresentou em incontáveis shows nos palcos ou em estúdios de rádio e TV e se tornou uma das figuras mais conhecidas do Rio Grande do Sul.

Nos últimos anos, a artista tinha deixado de cantar. Em entrevista à Zero Hora, em 2022, ela relembrou a carreira. 

— Eu fui feliz. Sou feliz. O que vivemos foi um milagre — define. 

O velório da cantora ocorre nesta terça-feira (01)  na Capela Premium do Cemitério João XXIII (Av. Natal, 60 - Medianeira) com início às 13h e enterro às 19h.  De acordo com o filho, a cerimônia será "pública", para receber também os fãs da cantora.

A carreira de Mary Terezinha

Mary começou ainda na infância uma longa carreira que a consagraria como uma das maiores representantes da música regionalista gaúcha em todos os tempos.

Nascida em Tupanciretã, em março de 1946, Mary percorreu alguns municípios gaúchos junto da família até se estabelecer em Bagé. Logo muito jovem, aos sete anos, começou a tocar acordeom, e ficou conhecida na região pelo exímio talento que demonstrava em suas apresentações. Ganhou inclusive o apelido de "Teixeirinha de saias", por suas interpretações das músicas do cantor.

Ainda na adolescência, Mary conheceu Teixeirinha. O famoso cantor precisava de gaiteiro para uma apresentação e acabou recorrendo a Mary. Era o início de uma parceria profissional e romântica que duraria 22 anos — tiveram dois filhos juntos, Alexandre e Liane.

Como parceiros, Mary e Teixeirinha gravaram centenas de canções, dezenas de LPs e realizaram incontáveis apresentações. Também protagonizaram juntos 12 filmes, produzidos entre 1967 e 1981.

A relação terminou definitivamente em 1984. Em 1985, Mary Terezinha se casou com o mentalista Ivan Trilha, de quem se separaria em 1989.

Em 1992, a cantora lançou o livro A Gaita Nua, uma autobiografia. Na segunda metade da década de 1990, Mary Terezinha tornou-se evangélica e passou a cantar e gravar principalmente músicas gospel, até o final de sua carreira.

Em sua jornada religiosa, gravou seis CDs com letras de sua autoria, todas falando de fé, mas dentro dos ritmos vanerão, rancheira e música popular.

Os problemas na coluna e dores nas costas foram decisivos para a artista ter pausado a carreira musical.

— Ela ficou muito tempo sem falar na pandemia, sem sair de casa. Foi um período bem difícil — disse Alexandre Teixeira, filho de Mary e Teixeirinha, em entrevista no ano de 2022.

Mary Terezinha atuou na emissora embrião do Grupo RBS. Em entrevista, em 2022, relembrou da época em que recebia cartas de ouvintes que, segundo ela, foram todas respondidas com carinho:

— Mexe demais lembrar dessa época.