Mpox no RS: com letalidade similar a da gripe, doença deve ter expansão de casos, projeta pesquisador
Possível expansão está relacionada a cepa que causa infecções mais brandas, diz especialista. Na segunda-feira (19), governo do RS publicou alerta epidemiológico sobre a doença. Estado tem cinco casos confirmados neste ano.
21/08/2024 14:14 por redação
Imagem: Canva
O governo do Rio Grande do Sul publicou alerta epidemiológico na segunda-feira (19) com orientações para profissionais de saúde e população em geral em relação à Mpox. O estado tem cinco casos confirmados da doença em 2024, em Gravataí, Porto Alegre e Passo Fundo.
O RS registrou 327 casos de Mpox em 2022. Segundo a Secretaria da Saúde, foram nove notificações no ano passado. A tendência é de crescimento, de acordo com o virologista Fernando Spilki.
"O cenário é claramente de uma nova expansão do número de casos, neste momento associados ao que tudo indica ao Clado II, que provoca uma doença mais branda', projeta.
Clado II é a variante do vírus que está circulando no país. Spilki explica que a letalidade está abaixo de 1%, mas pode se elevar, especialmente em pacientes com HIV-Aids.
"Para se ter uma ideia, esta letalidade é similar à da gripe em adultos, ou seja, o número pode parecer baixo, mas ainda ouvimos falar de óbitos", compara.
A outra variante, que levou a Organização Mundial de Saúde (OMS) a declarar Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII), é conhecida como Clado Ib. Trata-se de uma linhagem altamente transmissível, com letalidade que pode chegar a 10% e que não foi detectada nos casos do RS.
A doença
É uma zoonose viral: uma doença que foi transmitida aos humanos a partir de um vírus que circula entre animais. Antes do surto de 2022, ocorria principalmente na África Central e Ocidental, sobretudo em regiões perto de florestas, pois os hospedeiros são roedores e macacos.
É causada pelo vírus monkeypox, que pertence à mesma família (poxvírus) e gênero (ortopoxvírus) da varíola humana. A varíola humana, no entanto, foi erradicada do mundo em 1980, e era muito mais letal. O primeiro caso foi detectado em humanos em 1970.
As complicações são mais comuns em pacientes com problemas no sistema imunológico. Quadros graves estão relacionados ao surgimento de pneumonia, sepse, encefalite (inflamação do cérebro) e infecção ocular, que pode até levar à cegueira.
Sintomas
O sintoma mais comum da doença é a erupção na pele, semelhante a bolhas ou feridas, que pode durar de duas a quatro semanas. O quadro pode começar ou ser seguido de febre, dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, apatia e gânglios inchados.
As lesões na pele podem afetar o rosto, as palmas das mãos, as solas dos pés, a virilha e as regiões genitais. O número de feridas pode variar de uma a milhares.
O intervalo de tempo entre o primeiro contato com o vírus até o início dos sinais e sintomas (período de incubação) costuma ser de 3 a 16 dias, mas pode chegar a 21 dias.
Transmissão
A principal forma de transmissão da Mpox ocorre por meio do contato direto com sangue e fluidos corporais de pessoas ou mucosas de animais infectados, especialmente roedores. Ainda é possível o contágio por via indireta: compartilhamento de vestimentas, roupas de cama, toalhas.
"Por isso é importante que pessoas que tenham lesões compatíveis busquem suporte das equipes de saúde, que se mantenha o isolamento dos pacientes e manter a higiene dos ambientes e objetos", observa o especialista.
Vacinação
Conforme Spilki, a vacinação é recomendada para profissionais de saúde e laboratório que possam estar em contato com pacientes e material de pacientes suspeitos. Pacientes imunossuprimidos também estão em maior risco.
"É importante que as pessoas acompanhem as orientações das autoridades sanitárias e é ainda importante e ressaltar que no cenário atual a vacinação em massa não está recomendada", pontua.
Frascos de doses da vacina Jynneos contra a mpox são dispostos em uma geladeira de um centro de vacinação de Nova York. — Foto: AP Foto/Jeenah Moon
Cuidados
Conforme as autoridades sanitárias, é possível reduzir o risco de infecção limitando o contato com pessoas que estão sob suspeita de Mpox ou que foram diagnosticadas com a doença. Veja, abaixo, alguns exemplos:
- Quando se aproximar de alguém infectado, a pessoa doente deve utilizar máscara (comum ou cirúrgica), sobretudo se tiver lesões na boca ou se estiver tossindo. Você também deve usar máscara.
- Evite o contato pele a pele sempre que possível e use luvas descartáveis se precisar ter contato direto com as lesões.
- Use máscara ao manusear vestimentas ou roupas de cama do doente, caso a pessoa infectada não possa fazê-lo sozinha.
- Lave regularmente as mãos com água e sabão ou utilize álcool em gel, especialmente após o contato com uma pessoa infectada.
- Roupas, lençóis, toalhas, talheres e pratos dos infectados devem ser lavados com água morna e detergente.
- Limpe e desinfete todas as superfícies contaminadas e descarte os resíduos contaminados (como curativos) de forma adequada.
- Em países onde há animais portadores do vírus Mpox, evite contato desprotegido com animais selvagens, sobretudo se estiverem doentes ou mortos (incluindo contato com carne e sangue do animal).
- Alimentos com partes de animais devem ser bem cozidos antes de serem consumidos.
G1/RS
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