PolÃcia identifica dois suspeitos por morte de professores em assalto a hotel no Norte do RS
Autoridades buscam identificar terceiro suspeito, apontado como motorista na fuga pós-crime
26/07/2024 13:41 por redação
Foto: Arthur Ruschel / Agencia RBS
Foram identificados dois suspeitos de envolvimento no assalto a um hotel, em Mato Castelhano, que resultou na morte de dois professores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), na madrugada de quinta-feira. Eles seriam moradores da região Norte do estado, mas não teriam experiência em roubos do tipo. Até o momento, ainda não há identificação de um terceiro criminoso, que teria atuado como motorista na fuga.
De acordo com o subcomandante-geral da Brigada Militar, coronel Douglas da Rosa Soares, barreiras para a captura dos suspeitos foram montadas em vias na localidade. O oficial ressalta também a aparente inexperiência dos bandidos que, tentarem transferir valores com o Pix da proprietária da hospedagem. A transferência teria falhado, mas ainda há rastro eletrônico da movimentação.
Outra evidência de amadorismo seria o desfecho do crime. O coronel associa a morte dos professores a uma possível ação abrupta dos bandidos, o que indicaria perda do controle deles sobre a situação.
"O que surpreende é a violência dos assaltantes. Talvez eles sejam sociopatas ou simplesmente não tenham experiência com esse tipo de ação. Estou inclinado a crer na segunda opção. Isso porque os disparos contra os professores indicam que os criminosos foram surpreendidos com a reação dos reféns. Possivelmente eles ficaram com medo de perder o controle da situação e, sem saber como deveriam agir, acabaram atirando e depois fugiram”, ponderou o subcomandante-geral da BM.
Uma das dificuldades enfrentadas pelas forças de segurança foi a análise de relatos das testemunhas, que por vezes são conflituosos. Soma-se a isso fato do hotel não ter ata de registro de hóspedes nem câmeras de segurança no entorno.
“Os depoimentos das vítimas são conflituosos, o que é compreensível frente a um caso como esse. Cada uma diz uma coisa. Houve relatos que a proprietária havia sido sequestrada pelos criminosos, o que não aconteceu. Também dificulta o tempo decorrido entre os fatos, que ocorreram próximo às 4h11, e o tempo em que a guarnição foi acionada, sendo cerca de meia hora após a fuga dos suspeitos. Como se não bastasse, o local é distante de cidades maiores e não há câmeras ali. Por isso, temos priorizado o uso do serviço de inteligência para rastrear os fugitivos”, disse o coronel Douglas da Rosa.
Reação de professores foi paternal, diz chefe de Polícia
O chefe de Polícia, delegado Fernando Sodré, aponta que os suspeitos têm antecedentes criminais, mas descarta que façam parte de uma quadrilha especializada em assaltos ou ocupem posição de destaque na hierarquia do crime organizado. Ele também relaciona a tragédia com uma possível inaptidão dos criminosos frente ao esboço de reação dos reféns.
Fernando Sodré confirma que um dos professores teria sido baleado e morto após entrar em luta corporal com um dos assaltantes. Quando viu o colega ser alvejado, o outro docente ainda teria tentado reagir, mas também acabou sendo assassinado a tiros.
"Acredito que a reação dos professores tenha sido semelhante a um instinto paternal em relação aos alunos. Provavelmente, o objetivo deles era proteger os estudantes que também foram feitos reféns. Já a atitude dos criminosos frente a isso foi disparar contra os docentes, o que pode demonstrar falta de prática para conter situações como essa”, avaliou o chefe da Polícia Civil.
O crime
Na noite de quarta-feira, dois homens deram entrada em um hotel, na avenida Presidente Getúlio Vargas, em Mato Castelhano. Eles chegaram ao estabelecimento em um Fiat Uno roubado e com placas clonadas, que permaneceu estacionado em frente ao local e foi apreendido.
Na madrugada de quinta-feira, próximo às 4h11min, a dupla teria ido ao restaurante da hospedagem e anunciado o roubo aos presentes. Os dois professores e um grupo de alunos teriam chegado no local poucos momentos depois, quando se depararam com um dos assaltantes na porta do estabelecimento. Alguns deles conseguiram fugir, mas outros acabaram sendo rendidos.
O grupo de reféns, entre eles os dois professores, foi obrigado a deitar no chão e teve as mãos amarradas. A proprietária do hotel teria sido levada para um cômodo separado, onde houve tentativas de transferir valores via Pix que acabaram falhando.
De acordo com registros do 3º Regimento de Polícia Montada (3º RPMon), as duas vítimas teriam sido baleadas e mortas após terem reagido. A Polícia Civil constatou que um dos professores conseguiu se desvencilhar e entrou em luta corporal com um bandido, enquanto outro também teria reagido ao ver o colega baleado. Os criminosos fugiram antes da chegada dos policiais ao hotel. A suspeito é que eles embarcaram em um Ford Fusion Preto.
Conforme a UFSM, os docentes estavam no município para uma viagem de estudos. Eles e mais um professor acompanhavam um grupo de 15 estudantes do curso de Engenharia Florestal para uma visita de campo à Floresta Nacional de Passo Fundo, que fica em Mato Castelhano. A excursão era parte da disciplina de Práticas Florestais.
As vítimas
Felipe Turchetto tinha 35 anos e era professor adjunto no Departamento de Ciências Florestais na UFSM. O velório dele ocorre na capela de Linha Zanatta, no município de Taquaruçu do Sul.
Fabiano de Oliveira Fortes, tinha 46 anos e era professor Associado I da instituição. Ele foi velado no Salão Imembuí (2º andar do prédio da Reitoria), em Santa Maria até o final da manhã. Depois, houve cerimônia de cremação.
Correio do Povo
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