Caso Miguel: MP exibe gravações em que menino é humilhado por madrasta antes de ser morto
Segundo dia do júri ocorre com debates entre defesas e acusação
05/04/2024 13:20 por redação
Créditos: Juliano Verardi - DICOM/TJRS
Foi retomado, às 9h50min desta sexta-feira, o júri de Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues e Bruna Nathiele Porto da Rosa, respectivamente mãe e madrasta do menino Miguel dos Santos Rodrigues. As duas são rés pela morte da criança, de sete anos, ocorrida em 2021. O segundo dia do julgamento no Foro de Tramandaí ocorre com debates entre o Ministério Público, responsável pela acusação, e as defesas delas.
De acordo com o juiz Gilberto Pinto Fontoura, os debates vão ter cerca de nove horas de duração. A previsão é que a sentença seja lida na parte da noite, após às 21h.
O primeiro a falar foi promotor André Tarouco. "Hoje encerramos um luto. Espero que esse julgamento sirva, não só para punir as rés, mas principalmente como um alerta para que a gente proteja nossas crianças. Temos que passar a ideia de como um ser vulnerável precisa de amor e carinho. O Miguel sempre será lembrado por isso", disse.
Na sequência, dirigindo-se aos jurados, o representante do MP questionou a fala das rés. As duas admitiram responsabilidade por maus-tratos contra a criança. No entanto, uma acusa a outra de ser autora do homicídio.
"Elas mentiram, como sempre mentem, descaradamente. Foi uma tentativa de manipular os jurados. A verdade é que, além da desnutrição e do abalo emocional, elas também agrediam o Miguel fisicamente”, pontuou.
A acusação também exibiu gravações, feitas pela madrasta do menino. As imagens mostram a criança dentro de um guarda-roupas, enquanto é alvo de intimidações. “Fala direito que tu não é retardado. Eu te desmonto ‘a pau’ e tu vai sair todo quebrado. Isso vai ser bem tranquilo para mim”, diz Bruna na gravação.
Outros vídeos em que as humilhações ao menino persistem também foram exibidos. “Tu se acha o ‘bonzão’, Miguel. A verdade é que tu nunca vai ser”, debocha a madrasta em outra filmagem.
Tarouco também fez referência ao depoimento da mãe da vítima que, no primeiro dia do júri, chorou e pediu perdão.
“A genitora, dentro da sua teatralidade, disse que queria ser perdoada pelo Miguel. Foi então que entendi o significado da expressão ‘lágrimas de crocodilos’. No entanto, particularmente, tenho certeza que ele a perdoaria. Isso porque estamos falando de uma criança inocente”, disse.
O promotor ainda citou provas da investigação, como o histórico de pesquisas localizado pela Polícia Civil nos celulares das acusadas.
"Elas tiveram a frieza de pesquisar como se ocultava impressões digitais. O histórico dessas pesquisas já foi comprovado. Elas pesquisaram se impressões digitais humanas saem na água salgada e quanto tempo levaria. Depois, as duas fizeram a marcha fúnebre até o Rio Tramandaí, onde largaram o corpo definhado de um menino de sete anos.
Defesas e acusação vão ter duas horas e meia para argumentações, com possibilidade do MP pedir réplica, de mais duas horas. Em caso de tréplica, outras duas horas serão concedidas às defesas.
Após os debates, haverá a reunião em que os jurados seus votos. O juiz apresentará a sentença com base na decisão deles.
Correio do Povo
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