Caso Bernardo: condenado pela morte do filho, Leandro Boldrini se classifica para fazer residência médica
Apesar da condenação, não há restrição legal que o impeça de exercer a medicina
14/03/2024 08:20 por redação
Foto: Maira Kempf
Leandro Boldrini, condenado pela morte do filho, Bernardo, foi selecionado para o programa de residência médica do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), mantido pela UFSM. O médico foi chamado pelo edital do processo seletivo na terça-feira (12) e deveria confirmar a vaga até esta quarta (13).
Boldrini, que cumpre pena no regime semiaberto no Presídio Regional de Santa Maria, se inscreveu para a residência em cirurgia do trauma. Apesar da condenação, não há nenhuma restrição legal que impeça que ele exerça a medicina.
O advogado de Boldrini, Ezequiel Vetoretti, disse que "o fato diz respeito à assunto pessoal" do cliente. O Conselho Regional de Medicina do RS (Cremers) preferiu não se manifestar sobre o caso.
Até a atualização mais recente desta reportagem, não havia confirmação de que Boldrini teria efetuado a inscrição. As atividades do programa de residência começam na sexta-feira (15).
Em janeiro, Boldrini já tinha tentado ingressar na residência médica em coloproctologia, também pela UFSM. O médico ficou em quarto lugar – havia somente uma vaga em disputa.
Leandro Boldrini foi condenado a 31 anos e oito meses de prisão pela morte do filho. O crime ocorreu em abril de 2014, em Três Passos, no Noroeste do Estado.
Relembre o caso
Bernardo Boldrini, na época com 11 anos, foi dado como desaparecido em abril de 2014. O corpo do menino foi achado em Frederico Westphalen, no Norte do Estado, a 80 km de Três Passos.
Na mesma noite em que o corpo foi encontrado, a polícia prendeu o pai, a madrasta e a amiga do casal. Órfão de mãe, o garoto se queixava de abandono familiar.
O MP denunciou os investigados por homicídio quadruplamente qualificado (motivos torpe e fútil, emprego de veneno e recurso que dificultou a defesa da vítima), além de ocultação de cadáver.
Julgamentos
O primeiro júri do Caso Bernardo ocorreu em março de 2019. Na ocasião, Leandro foi condenado ao lado dos outros três réus – a madrasta do menino, Graciele Ugulini; a amiga da madrasta, Edelvânia Wirganovicz; e o irmão de Edelvânia, Evandro Wirganovicz.
Contudo, o pai conseguiu a anulação da primeira sentença em dezembro de 2021. Os desembargadores do Tribunal de Justiça consideraram que houve disparidade de armas entre a acusação e a defesa, o que acabou beneficiando Leandro.
O novo júri foi realizado em março de 2023. Dessa vez, o médico Leandro Boldrini foi condenado a 31 anos e oito meses de prisão pelos crimes de homicídio quadruplamente qualificado e por falsidade ideológica. Ele foi absolvido da acusação de ocultação de cadáver.
A madrasta Graciele Ugulini ainda cumpre pena em regime fechado no Presídio Estadual Feminino Madre Pelletier, em Porto Alegre. Ela só terá direito ao regime semiaberto em 2026 e à liberdade condicional em 2035.
A amiga Edelvânia Wirganovicz cumpre pena em regime semiaberto. Como há falta de vagas nos presídios do RS, ela está em prisão domiciliar e usa tornozeleira eletrônica desde outubro de 2023.
Evandro Wirganovicz cumpriu a pena de nove anos e meio de prisão, extinta em janeiro deste ano, e está solto.
GZH
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