Acusada de assassinar e esconder os corpos do pai e da madrasta em Cachoeirinha volta para a prisão após decisão judicial, diz MP
Ela respondia pelos crimes em prisão domiciliar após alegar problemas de saúde, mas, segundo o MP, foi vista saudável em lugares públicos. Rubem e Marlene Heger desapareceram em fevereiro de 2022. Corpos do casal nunca foram encontrados.
19/05/2023 07:54 por André Motta
Rubem Heger, de 85 anos, e Marlene Heger, de 53 anos, não são vistos desde o final de fevereiro. — Foto: Reprodução/RBS TV
A Justiça decidiu, após pedido do Ministério Público (MP), que Cláudia de Almeida Heger deve voltar a responder na prisão pelos crimes dos quais é acusada. Segundo o MP, ela tem envolvimento nos assassinatos e ocultação dos cadáveres do pai e da madrasta, Rubem Heger, de 85 anos, e Marlene Heger, de 53, em Cachoeirinha, na Região Metropolitana de Porto Alegre. A motivação para o crime envolveria questões financeiras. Cláudia voltou para o sistema prisional na quarta-feira (17).
O crime completou um ano em 27 de fevereiro. O casal foi visto pela última vez em fevereiro do ano passado por meio de câmeras de segurança da casa de vizinhos. De acordo com a investigação da Polícia Civil, Cláudia e o neto do casal, Andrew Heger, foram as últimas pessoas a terem contato comprovado com as vítimas.
De acordo com o MP, Cláudia estava em prisão domiciliar desde 12 de agosto de 2022, após ter apresentado laudo médico que atesta paraplegia (perda da função muscular na metade inferior do corpo). Porém, foi vista caminhando dentro do Hospital Vila Nova, em Porto Alegre, quando esteve internada. Além disso, em 15 de março deste ano, compareceu a uma audiência dirigindo veículo não adaptado para pessoas com deficiências, conforme certificação feita por oficial de Justiça.
Por conta disso, o promotor Thomaz de La Rosa pediu à Justiça a prisão preventiva dela.
"De fato, da análise das imagens captadas pela câmera do fórum, vê-se que a denunciada não possui um quadro de saúde grave, pois, ao se evadir do prédio, dirige-se ao veículo, levanta da cadeira de rodas para se acomodar no banco do motorista e sai do local conduzindo veículo não adaptado", afirma.
Além disso, ele lembra que o retorno dela ao sistema prisional é necessária tendo em vista o risco gerado pela sua liberdade, pois, durante o processo, "teve contra si registradas diversas ocorrências policiais, responde a processos criminais, possui sentença condenatória e, inclusive, já simulou o próprio sequestro".
A defesa de Cláudia, conduzida pelo advogado Jean Severo, sustenta que confia na comprovação da inocência da sua cliente.
Já o advogado André von Berg afirma ter "convicção na inocência do Andrew e que será feita Justiça ao caso concreto". O defensor acrescenta que "a expectativa é que ele seja absolvido, nem que seja pela inimputabilidade. Há laudos que apontam que ele sofre sofre de psicose não-orgânica não especificada e outros transtornos dissociativos". Conforme o Tribunal de Justiça, Andrew está internado no Instituto Psiquiátrico Forense.
Relembre o Caso
A Polícia Civil iniciou as buscas pelo casal em 16 de maio. Dez dias antes, a filha e o neto foram presos preventivamente. O pedido de prisão dos dois à Justiça ocorreu após a perícia apontar que o sangue encontrado nas paredes da casa dos fundos onde o casal morava era de Rubem.
Conforme a Polícia Civil, provas indicam que a filha, acompanhada do neto, foi ao local do crime para almoçar com o pai e a madrasta. Quatro horas depois, a mulher colocou colchões nas portas da garagem e bloqueou a visão de quem passava pela rua. Logo depois, filha e neto saíram, fecharam o portão do imóvel e foram embora de carro. Não é possível ver se as vítimas também estava no carro.
A filha disse à polícia que levou o casal para sua residência, em Canoas, onde o pai e madrasta teriam permanecido por alguns dias. Após supostamente ir a uma unidade de saúde para uma consulta, a mulher voltou para casa e não encontrou mais Rubem e Marlene.
No dia 13 de maio, Cláudia e Andrew foram indiciados por duplo homicídio e dupla ocultação de cadáver. No mês seguinte, o juiz Bruno Jacoby De Lamare, da 1ª Vara Criminal, tornou os dois réus após receber a denúncia do MP.
A primeira audiência do processo ocorreu em 24 de janeiro. Na ocasião, foram ouvidas 11 testemunhas de acusação.
Investigação policial
A Polícia Civil concluiu que o idoso e a esposa foram mortos em casa. Depois do crime, os corpos teriam sido levados embora de carro.
As causas das mortes de Rubem Heger e Marlene Heger não foram esclarecidas pela polícia, pois os corpos não foram localizados. A suspeita é de que tenham sido agredidos, pois havia marcas de sangue em uma parede do imóvel.
O Instituto-Geral de Perícias (IGP) afirma que peritos criminais realizaram a coleta de 23 vestígios nas duas casas e na área externa do terreno onde vivia o casal. O sangue encontrado pertence a Rubem, segundo o órgão.
O veículo da filha do casal também passou por perícia, mas não foram encontrados vestígios de sangue humano, diz o IGP. Uma outra pesquisa, sobre restos de comida e uma seringa encontrada na casa, não encontrou substâncias tóxicas.
Na época, as defesas dos investigados afirmaram que o sangue encontrado poderia ser de outra ocasião e que não foram localizadas manchas de sangue no veículo nem na casa da mulher, o que indicaria que Cláudia e Andrew não participaram do crime crime.
De acordo com a polícia, uma semana antes, Andrew aplicou película nos vidros do automóvel. Foram encontrados vídeos de lugares ermos nos celulares dos dois suspeitos, o que indicaria a premeditação do crime.
G1/RS
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