Polícia prende filha e neto por suspeita de participação no desaparecimento de casal em Cachoeirinha
Dupla é suspeita de duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver contra Rubem e Marlene Heger, desaparecidos desde o final de fevereiro. Defesa diz que não há provas de homicídio.
09/05/2022 08:49 por André Motta
Duas pessoas foram presas preventivamente, na sexta-feira (6), pela suspeita de participação no desaparecimento de Rubem Heger, de 85 anos, e Marlene Heger, de 53 anos, em Cachoeirinha, na Região Metropolitana de Porto Alegre. O casal não é visto desde o final de fevereiro.
De acordo com o delegado Anderson Spier, os presos são a filha e um neto de Rubem. Eles devem ser indiciados por duplo homicídio qualificado, em razão de motivo fútil, e ocultação de cadáver.
Os corpos ainda não foram localizados. O advogado da mulher, Rodrigo Schmit, diz estranhar o pedido de prisão e que não há materialidade de homicídio.
Os presos devem ser ouvidos em uma delegacia de Gravataí, após a realização do exame de corpo de delito. Em depoimentos anteriores, ambos negaram a autoria do crime.
Entenda o caso
A Polícia Civil pediu a prisão dos suspeitos ao Judiciário após a perícia apontar que o sangue encontrado nas paredes da casa dos fundos onde o casal morava era de Rubem. A investigação acredita que o idoso e a esposa tenham sido mortos no local. Depois do crime, os corpos teriam sido levados embora de carro.
A defesa da suspeita afirma que o sangue encontrado pode ser de outra ocasião e que não foram localizadas manchas de sangue no veículo nem na casa da mulher.
De acordo com a polícia, uma semana antes, o neto aplicou película nos vidros do automóvel. Foram encontrados vídeos de lugares ermos nos celulares dos dois suspeitos, o que indicaria a premeditação do crime.
A investigação ainda busca saber a atuação de cada um no crime. A motivação do seria vingança, uma vez que a filha já tinha relação conflituosa com os pais e, há alguns anos, teria simulado o próprio sequestro para tentar incriminar o então companheiro, segundo a polícia. Depois disso, o pai teria ficado contra ela.
IGP identifica sangue do idoso
O Instituto-Geral de Perícias (IGP) afirma que, em março, peritos criminais realizaram a coleta de 23 vestígios nas duas casas e na área externa do terreno onde vivia o casal. O sangue encontrado pertence a Rubem, segundo o órgão.
Além disso, uma camiseta infantil, que estava na área de serviço anexa à casa dos fundos, também continha sangue e permanece em análise pericial genética.
O veículo da filha do casal também foi periciado, mas não foram encontrados vestígios de sangue humano, diz o IGP. Uma outra pesquisa, sobre restos de comida e uma seringa encontrada na casa, não encontrou substâncias tóxicas.
Relembre o caso
Rubem e Marlene foram vistos, pela última vez, em 27 de fevereiro de 2022. Imagens da câmera de segurança de uma casa vizinha registraram as possíveis últimas movimentações na residência do casal.
A filha, acompanhada do neto, chega ao local para almoçar com o pai e a madrasta. Quatro horas depois, a mulher coloca colchões nas portas da garagem e bloqueia a visão de quem passa pela rua.
Logo depois, eles saem, fecham o portão e vão embora. Não é possível ver se o casal também estava no carro.
À polícia, a filha disse que levou o casal para sua residência, em Canoas, onde o pai e madrasta teriam permanecido por alguns dias. Após supostamente ir a uma unidade de saúde para uma consulta, a mulher voltou para casa e não encontrou mais Rubem e Marlene.
Um outro neto de Rubem havia estranhado o sumiço, pois o avô tinha enfisema pulmonar e fazia uso diário de medicamentos, além de precisar de oxigênio eventualmente.
G1/RS
Os comentários são de inteira responsabilidade de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.