Início Notícia Voltar

ESPANHA| Vulcão nas Ilhas Canárias entra em erupção

Não há registro de nenhuma morte. Risco de tsunami após vulcão entrar em erupção é remoto na costa brasileira

20/09/2021 13:41 por Maira Kempf


CapaNoticia

Lava e fumaça sobem após a erupção de um vulcão na Espanha — Foto: REUTERS/Borja Suarez


 

Um vulcão entrou em erupção neste domingo (19) em La Palma, uma das ilhas do arquipélago espanhol Ilhas Canárias, lançando uma nuvem de fumaça e cinzas a partir do parque nacional Cumbre Vieja, no sul da ilha.

Na quinta-feira (16), já havia sido emitido um alerta amarelo de risco de erupção do vulcão, o que chegou a provocar inclusive o temor da formação de tsunamis que poderiam atingir a costa brasileira, principalmente o litoral setentrional, formado por Ceará, Rio Grande do Norte e nordeste do Maranhão. O risco, porém, foi considerado muito remoto por especialistas. (VEJA MAIS ABAIXO)

As autoridades já haviam começado a retirar os moradores enfermos e alguns animais de aldeias vizinhas antes da erupção, que ocorreu em Cabeza de Vaca, em El Paso, às 15h15 do horário local (11h15 no horário de Brasília), de acordo com o governo das Ilhas Canárias.

Antes da erupção, os cientistas registraram uma série de terremotos de magnitude 3,8 no parque nacional, de acordo com o Instituto Geográfico Nacional Espanhol (ING).

Logo após a erupção, o governo local pediu aos moradores que "tenham extrema cautela" e fiquem longe da área e das estradas.

De acordo com o prefeito Sergio Rodríguez, até o começo da manhã, a atividade forçou a retirada de cerca de 5.000 pessoas (entre elas, cerca de 500 turistas). A expectativa é que não seja necessário ampliar a evacuação. Não há registro de nenhuma morte. Estradas foram fechadas devido à explosão e as autoridades pediram aos curiosos para não se aproximarem da área.

A população das aldeias vizinhas foi instruída ainda a ir a um dos cinco abrigos, e soldados foram enviados para ajudar na remoção dos moradores. Espera-se que mais residentes sejam evacuados das cidades na região.

A televisão espanhola mostrou fontes de lava sendo lançadas, e nuvens de fumaça podiam ser vistas do outro lado da ilha. Enormes plumas vermelhas cobertas com fumaça preta e branca dispararam ao longo da crista vulcânica. Um fluxo de lava negra com a ponta em chamas deslizava em direção a algumas casas na vila de El Paso.

La Palma, com uma população de 85 mil habitantes, é uma das oito ilhas do arquipélago das Ilhas Canárias na costa oeste da África. No ponto mais próximo da África, está a 100 km do Marrocos.

 

Risco de tsunami após vulcão entrar em erupção é remoto na costa brasileira

Apesar dos alertas emitidos na semana passada, o risco de um cenário de forte atividade não se confirmou e a erupção verificada é considerada modesta. Autoridades não emitiram alerta de tsunami para qualquer parte do mundo associada ao vulcão.

O fenômeno, antes mesmo de ocorrer, levou a emissão de um "alerta amarelo de risco", o que chegou a provocar inclusive o temor da formação de tsunamis que poderiam atingir a costa brasileira, principalmente o litoral setentrional, formado por Ceará, Rio Grande do Norte e nordeste do Maranhão.

Especialistas brasileiros são unânimes ao afirmar que o evento não apresenta riscos para o Brasil.

 

A Rede Sismográfica Brasileira (RSBR) destacou que, mesmo após o início da ação eruptiva em La Palma, "o risco para o Brasil segue muito baixo" e que não houve nenhum alerta de tsunami. 

“Esse assunto foi discutido na mídia uns 20 ou 30 anos atrás quando foi publicado um trabalho de geólogos americanos sobre a possibilidade de desabamento de uma parte da ilha provocar um tsunami no Brasil", citou Marcelo Assumpção, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG/USP), em comunicado divulgado pela RSBR.

"Na época, a conclusão foi de que a probabilidade de que o deslizamento fosse suficientemente grande para provocar um tsunami perigoso era muito pequena”, explicou Assumpção.

 

Segundo Assumpção, para que um tsunami chegasse ao Brasil, a atividade vulcânica teria de ser excepcional para derrubar uma parte da Ilha provocando um deslizamento gigantesco em direção ao mar: “Teoricamente, o tsunami poderia ser bem grande.” Entretanto, a erupção vista em La Palma está muito longe dessas proporções.

 

Por sua vez, o professor Aderson Nascimento, coordenador do Laboratório Sismológico da UFRN, reforçou que a possibilidade de o fenômeno ocorrer (erupção com colapso de parte da ilha e da estrutura do vulcão) é muito baixa. “A atividade vulcânica na região das Canárias é comum e é monitorada", afirmou, também em esclarecimento divulgado pela RSBR.

"Na região do Atlântico não existe sistema de alerta porque o risco é baixíssimo”, disse o sismólogo. Ele ressalta, porém, que a Rede Sismográfica Brasileira (RSBR) tem capacidade de monitorar eventuais consequências da erupção caso houvesse ocorrido o pior cenário, que não se confirmou.

Sem risco e sem aviso

 

Carlos Teixeira, professor do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC) e doutor em oceanografia pela University of New South Walles, na Austrália, também ressalta que nenhum aviso de tsunami foi emitido.

“É um começo na verdade, mas a mensagem é a mesma: não há motivo para preocupação. Não há risco iminente de tsunami, não há nenhum aviso. Então, não se preocupem, a gente está monitorando, acompanhando as notícias, mas não há nenhum motivo para preocupação”, declara o professor.

 

“A probabilidade da gente ter um tsunami é muito pequena. E mesmo que a gente tivesse, nem todo tsunami é aquela coisa de filme, de 30 metros. Tsunami é uma onda que pode ter centímetros, que é o que acontece na maior parte das vezes, mas nem isso a gente tem no momento”, reforça Teixeira.

 

Segundo o pesquisador Saulo Vital, professor do Departamento de Geociências da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Coordenador do Núcleo de Estudos e Ações em Urgências e Desastres (NEUD), não existem estudos aprofundados com simulações, porém, devido ao formato da costa brasileira, a região do Nordeste se tornaria a região mais vulnerável, principalmente o litoral setentrional, formado por Ceará, Rio Grande do Norte e nordeste do Maranhão.

Alertas emitidos: estado de observação

 

O professor e pesquisador Saulo Vital explica que existem quatro níveis de alerta, o amarelo é o segundo nível, que trata-se, na verdade, de um estado de observação por causa dos pequenos sismos dos últimos dias. Foi este nível que acabou emitido na semana passada. O pesquisador afirma que o alerta é importante, mas não é dos mais graves.

Segundo ele, o que poderia causar uma tsunami seria uma erupção explosiva, ou seja, o desmoronamento de parte do vulcão. Isso porque, de acordo com ele, os sismos que costumam ocorrer na área do Cumbre Vieja são moderados, e o que pode gerar tsunamis são abalos sísmicos de alta intensidade.

 

Caso haja uma erupção capaz de desestabilizar a estrutura rochosa do vulcão, causando um desmoronamento, essa queda iria gerar um movimento de massas d’água. Esse movimento criaria altas ondas, que atingiriam toda a costa do Atlântico.

 

O coordenador do Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Aderson Nascimento, também ressalta que nenhum alerta foi feito ao órgão.

“Essa chance é muito pequena de acontecer. A gente como órgão de sismologia, ninguém soube de nenhum alerta que foi emitido pelo serviço geológico espanhol ou algum órgão oficial dizendo que isso está acontecendo”.

 

G1



Os comentários são de inteira responsabilidade de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.


Este site usa cookies para garantir que você obtenha a melhor experiência.

Ouça aqui

89.7 FM

Gramofone

Ouça aqui

91.5 FM

Gramofone
89.7
91.5