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De jogador de futebol na Europa a político em Esteio: quem é o vereador preso por tráfico de drogas

10/07/2020 09:20 por edjunior


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Preso por tráfico de drogas, o vereador de Esteio Márcio Anderson Schmitz, o Márcio Alemão (PT), 36 anos, ensaiou carreira nos gramados antes de entrar na política. Foi jogador nas categorias de base do Grêmio e do Inter e chegou a atuar na Europa, onde integrou a equipe do Futebol Clube do Porto. Na noite quarta-feira (8), um capítulo inesperado marcou a trajetória do parlamentar da Região Metropolitana.
Após 15 dias de investigação, a Polícia Civil prendeu o parlamentar e outro homem em uma casa em Esteio. No local, foram encontradas 55 porções de maconha, balança de precisão, munição calibre 22, equipamentos para preparo e embalo de droga, além de 200 gramas de cocaína pura que, segundo os investigadores, podem render até 500 porções da droga. Havia ainda uma máquina de cartão de crédito e celulares — ambos os aparelhos serão periciados pela polícia. Márcio Alemão é investigado por tráfico de drogas e associação criminosa. Em depoimento, se manteve em silêncio.
A temporada do gaúcho no clube europeu chegou ao fim após uma lesão grave no joelho. Retornou então à cidade natal. Foi conselheiro tutelar, tornou-se popular nos bairros de Esteio e concorreu em 2016 a vereador com bandeiras voltadas à educação. Chegou ao Legislativo como o quinto com melhor desempenho nas urnas, com 1.328 votos. Na Câmara, integrava a Comissão de Educação e criou uma frente parlamentar de apoio a refugiados e estrangeiros. Há um mês, havia pedido afastamento. A vaga ficou com o primeiro suplente, que também era seu chefe de gabinete desde agosto de 2019, Assis Brasil Marin Silveira (PT).
— Era um cara muito promissor na política. Muito ativo e querido, tinha uma simpatia muito grande pela cidade e fez uma baita votação. É muito conhecido em Esteio. Fiquei bem chocado com essa prisão — conta Silveira.
O petista conta que foi procurado por Alemão há um mês, quando foi informado do desejo dele de se licenciar do cargo. Na oportunidade, o vereador teria dito que a saída seria por motivos pessoais. Em uma publicação no dia 10 de junho em rede social, Alemão disse que ainda não havia se recuperado do luto da perda do pai, Remi Schmitz, em 2017, e que, em decisão tomada junto a sua família, havia optado por deixar o Legislativo.
— É um cara novo, com potencial, parecia ter um patrimônio político que agora já era. Mas o Márcio não era visto na Câmara, só nas sessões. Ainda assim, pouco se via ele, estava sempre de atestado — afirma outro vereador, que prefere não se identificar. [caption id="attachment_43409" align="alignnone" width="300"] Márcio Alemão foi o quinto vereador mais votado em Esteio nas eleições de 2016
Assessoria de Comunicação / Câmara de Vereadores de Esteio[/caption]
Entre os vereadores, circula a versão de que Alemão teria deixado o cargo por motivos que estariam relacionados à dependência de drogas. Segundo os colegas, Alemão faltava as sessões e seria pouco participativo, o que teria motivado a abertura de um processo na Comissão de Ética do PT. Teria sido chamado a dar explicações aos dirigentes municipais do partido, e teria prometido mudar e buscar tratamento. Não foi expulso nem afastado.
— Ele foi usuário de drogas no passado, quando jovem. Se recuperou, virou jogador de futebol, se machucou e voltou. Ele é reincidente, voltou a usar droga. Ano passado, tentou- se internar ele duas vezes, inclusive de forma compulsória. Desde o ano passado, faltava demais as sessões. Ele estava em processo de expulsão no partido — afirma um vereador próximo, que também prefere manter o nome em anonimato.
— O pai era o cara que botava ele na linha. No primeiro ano de mandato, trabalhou legal. No segundo, começaram os problemas. Quando o pai morreu, ele entrou em depressão. Teve meses em que ele passava na Câmara só para as sessões, não ia mais nas reuniões da bancada. Em reuniões do partido, não comparecia há praticamente dois anos — afirma o vereador Leo Dahmer (PT).
Antes do flagrante, a polícia fez oito horas de campana em frente a casa onde ocorreu a prisão.
— Até o momento da prisão, não sabíamos que se tratava de um vereador. No momento do flagrante, ele disse que era vereador — afirma o delegado Thiago Carrijo
Segundo o diretor da 2ª Delegacia de Polícia Metropolitana (DPRM), delegado Mario Souza, é "inequívoco" que o flagrante caracteriza tráfico de drogas:
— Não trabalhamos focados em ninguém, focamos no crime. E a lei é aplicada como se fosse qualquer outra pessoa.

Contraponto

O advogado de defesa Sidnei Bitencourt afirma que houve tipificação errada do crime em relação a Márcio e que vai encaminhar o pedido de liberdade provisória:
— O Márcio é usuário de drogas, não tem provas de que é traficante. Com ele, foi pego três pacotes de cocaína que era para uso próprio. Estava no lugar errado, na hora errada. Não trazia nada com ele. As drogas não são dele. Ele está licenciado da Câmara para se tratar. A família estava encaminhando ele para uma clínica para começar tratamento. Ele foi lá comprar droga porque é viciado.



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